Raquel Esteves parece ver no mundo dos sons o seu futuro. É um mundo alargado e por agora, esta jovem amarantina, natural de S. Gonçalo, explora os sons em várias vertentes, sentindo-se a ir ao encontro das suas preferências dentro da sua paixão por música.
Formou-se em Engenharia eletrotécnica e de Computadores na FEUP (Faculdade de Engenharia da Faculdade do Porto) e é atualmente investigadora no DIGI2 – Digital and Intelligent Industrial R&D Lab do Centro de Investigação em Sistemas e Tecnologias.
Em maio deste ano venceu o prémio “Best Overall Student Paper” a “Noise and Vibration Conference and Exhibition” daSAE Internacional, em Grand Rapids (EUA), com um estudo inovador que propõe sons adaptativos para veículos elétricos, com o objetivo de aumentar a segurança e melhorar a experiência de condução. Foi aos Estados Unidos da América receber o prémio e diz que foi uma experiência enriquecedora.
“Foi muito bom perceber que há muita gente lá fora que quer que a tecnologia evolua e eu sinto que ali o meu estudo foi valorizado. Eu era das pessoas mais novas que lá estava, fui muito bem recebida e troquei contactos”, refere.
Tudo começou na dissertação do seu mestrado que teve como título “Design de som para veículos elétricos: Melhorar a segurança e a experiência do utilizador através do sistema de alerta acústico para veículos (AVAS)”.
“Fiz uma pesquisa dos sons de AVAS existentes e assim tentei criar um modelo que melhorasse a segurança dos pedestres, sem perturbar o ambiente e os animais, e também um modelo para o interior do carro em que tentamos perceber quais os melhores sons em diferentes localizações, de forma que o condutor tivesse uma boa perceção de aceleração, controlo, entre outros aspetos. Ou seja, tentamos criar um AVAS que se adaptasse ao local onde o carro estivesse, tendo em conta o barulho ao redor, a existência de animais, mas também a preferência do utilizador”, especifica.
Foi ao outro lado do mundo apresentar o artigo numa conferência sobre ruído e vibração e acabou por ganhar um prémio.
Para a Raquel Esteves “como a preocupação de melhorar a segurança através do alerta acústico nos carros elétrico não é um tema que se fale muito em Portugal, lá fora senti o contrário e no futuro pode ser algo que vá revolucionar a indústria automóvel”.
A amarantina sempre gostou da área do design do som, ainda nos estudos em Amarante optou na secundária pelo curso de Ciências e Tecnologias e decidiu-se pela Engenharia na FEUP. Quis mestrado em Multimédia com especialização em design de som e medias digitais “porque sempre entendi que isto vinha de encontro aos meus gostos, sem mudar drasticamente o meu percurso”.
Atualmente, investigadora na FEUP, diz “ainda não saber bem que rumo quer dar à sua vida depois daquele projeto e também porque a área do design de som em Portugal não tem muitas oportunidades”.
No entanto, confessa que está “a pensar um pouco no que quero fazer agora, talvez estudar um pouco mais as bases do design de som, ou um estágio fora de Portugal, mas ainda não tenho nada bem definido”.
Pelo seu percurso de vida ainda tem o Coro de Câmara de Amarante, o grupo de jovens Gonçalinhos e o voluntariado que faz por prazer. Em fevereiro deste ano realizou a “Missão País” em Vila Meã e para a Raquel, o contacto com as pessoas, sobretudo com os mais velhos, é ser-lhes útil; é a magia de projeto.
“Sempre que volto a Amarante fico feliz por ter sempre espaço para absorver o silêncio, e o som do rio. É a minha casa”.
A entrevista pode ser ouvida em podcast.

