“Política não é apenas política. Política são os nossos valores tomando vida e tornando-se princípios.” Lauren Jauregui

“Política não é apenas política. Política são os nossos valores tomando vida e tornando-se princípios.” Lauren Jauregui

Há frases que nos marcam. Servimo-nos delas em situações pontuais, como baluarte de defesa, de bordão, de apoio para uma causa nobre, ilustrando e enriquecendo o fluxo da oratória. São frases que transportam consigo mestria, sabedoria, experiência, lição. Como professora e como escritora, uso e abuso das frases (aforismos, pensamentos, dizeres) de autores e de poetas, e mesmo dos grandes cérebros, obviamente, pois considero que são tijolos na minha construção intelectual, cultural e até mesmo moral. Elas perdem-se muitas vezes no andar apressado dos compromissos e das responsabilidades, na urgência do fazer e do realizar. São, por isso, relativizadas, na maior parte do tempo. Porém, são fiéis e quando delas precisamos, eis que surgem imbuídas da significação, alimentando não só os que as pronunciam mas também e sobretudo os que as escutam.

Duas frases houve que obraram uma breve reflexão e que me inspiraram para a escrita deste texto. Estamos ainda a viver sob o entusiasmo quente das mais recentes eleições, vivido durante vários dias no nosso país e especificamente na nossa região, já que se tratou de um episódio de interesse nacional e regional. Foi neste contexto que elas surgiram, e que consequentemente as registei, porque, diga-se com justeza, a sua grande singularidade consiste no facto de adquirem alma apenas quando são inteiramente percebidas.

A primeira frase é: “Ser humilde não significa ser fraco”. Aplaudi com veemência, não só porque estou plenamente de acordo, mas também porque o seu sentido está colado à minha pele, à minha existência há muito tempo e à minha atuação, desde que me conheço como pessoa. Na verdade, das várias definições de palavra humildade, ressalvo a que contempla a abertura para o crescimento, para aprender e melhorar, com respeito pelo outro e por si próprio. O outro do outro somos nós próprios, recordo. No entanto, há alguns perigos escondidos, pois facilmente a generalidade das pessoas a associa à fragilidade e à incapacidade de operar e de agir. Existe um paradigma malvado que tem acompanhado todas as gerações que consiste na necessidade de criar um espaço considerável entre o líder e os liderados, endeusificando o primeiro. E esta situação aplica-se a todas as áreas sociais, na política, na cultura, mesmo nas relações interpessoais mais singelas. Este é obviamente o resultado de uma herança antepadassa. Temos muito ainda que aprender, facto que implica uma atitude de aceitação do ponto de vista do outro para um crescimento conjunto. Admiro a honestidade que emparceira com a simplicidade.

A segunda frase “A política transforma vidas” assume um caráter mais vasto, que se coaduna indubitavelmente com o contexto. Obviamente que não podia também deixar de ovacionar, pois, viajando um pouco na história, a palavra “política” tem origem no grego antigo e combina polis (cidade-estado) com tikós (relativo ao bem comum dos cidadãos). Originalmente, referia-se ao conjunto de atividades relacionadas com o governo da cidade e ao bem-estar dos seus cidadãos. Assim, na sua essência, era a arte de governar a cidade para o benefício de todos os seus habitantes. Continua a ser esse o propósito nobre de qualquer governação, alimentando um sentido de estado, criando oportunidades para um crescimento coletivo. Nesse conceito de transformação coube ainda o de esperança e o de gratidão, como contributos saudáveis para o engrandecimento da alma de um povo.
Porque a explanação vai longa, terminaria, como não podia deixar de ser, com o pensamento de um filósofo bem conhecido, moldelo de simplicidade e de sapiência, Agostinho da Silva: “Ser companheiro vale mais do que ser chefe. É preciso que os homens à sua volta nunca tenham nenhuma angústia, não sofram nunca por o sentirem a você superior a eles; a sua superioridade, se existir, deve ser um bálsamo nas feridas, deve consolá-los, aliviar-lhes as dores. A sua grandeza, querido Amigo, deve servir para os tornar grandes, no que lhes é possível, não para os humilhar, nem para os lançar no desespero, no rancor, na inveja.”

Recordando aos mais perspicazes ou esclarecendo os mais desatentos, as frases acima apresentadas foram proferidas, respetivamente, nas tomadas de posse dos novos órgãos da Junta de Freguesia de Vila Meã e da Câmara Municipal de Amarante.

Que sejam estas e outras frases estímulos para o seu sucesso! Será também o nosso!