livro Flama

“Não posso adiar o amor para outro século” , António Ramos Rosa

Penafiel viveu em alvoroço cultural, nos últimos dias, e os seus protagonistas foram a poesia, a música, as letras, as artes, os livros, que conviveram abertamente com os habitantes nas ruas, nos jardins, nas casas comuns e obviamente nos locais onde são reis e senhores – este ano no seu espaço novo, o Ponto C. Os organizadores mostraram mais uma vez que a criatividade é um terreno muito vasto a desbravar e a explorar e que afinal não é difícil cativar as gentes e torná-las mais felizes. Falo, como já perceberam, da 17ª Edição do Festival Literário, a Escritaria, que decorreu em Penafiel durante a penúltima semana do mês. Também eu gosto de participar, de alimentar a minha forme de saber, de interagir, de participar, de aprender.

Lamentavelmente, neste ano, não me foi possível estar presente nos eventos que pretendia, apesar dos meus esforços. Porém, houve um acontecimento que contribuiu para que o meu “amargo de boca” se dissipasse. Fui convidada para dinamizar uma atividade na APADIMP, Associação de Pais e Amigos dos Diminuídos Mentais de Penafiel. Acedi com muito agrado, obviamente. Afinal, cabia-me também a mim, partilhar cultura, alegria, afetividade. Já todos conhecem a minha paixão pelas histórias e iria reencontrar-me mais uma vez com aquele público maravilhoso, sempre atento e aberto ao novo, embora com uma sensibilidade crítica muito apurada. Como resolvi criar uma dinâmica diferente, dramatizando a história de uma lagarta que é vítima da rejeição por parte dos insetos seus vizinhos, não demorou muito que uma equipa de “insetos” aparecesse para colaborar comigo. Foi mágico. Foram momentos únicos de entrega, de verdadeira partilha. Rimos, brincámos, dançámos, permitimo-nos, em suma, ser autênticos. Num mundo em que impera o egoísmo, o pedantismo e o exibicionismo é uma prenda dos céus encontrar afetos tão genuínos e sentimentos tão puros. Obrigada, APADIMP, pela oportunidade. Defendo sempre que a beleza e a força se encontram nas coisas mais simples, aparentemente mais frágeis (recordo a história do vento que derrubou o cedro e não a pequena planta ao seu lado), mas que cimentam a humanidade de cada um de nós, com a qual se constrói o amor incondicional. Estou certa de que a frase “Não há sol a sós.”, com a qual nos brindou Arnaldo Antunes, o homenageado deste ano da Escritaria, e na qual todos nós nos podemos espelhar, se encontra ao nível de uma outra e que encima os objetivos da instituição “A família é a base do amor”.