José Carlos Vieira

José Carlos Vieira – um talento inato para o associativismo

José Carlos Vieira, de 21 anos, nascido e criado em Vila Meã, enfatiza e sente-se que traz a sua terra natal sempre no seu coração. A emoção e a alegria são percetíveis quando ouvimos este jovem a falar da terra que adora e do grupo do qual é fundador – o Grupo Vallis. Parece uma missão que lhe foi destinada, considerando a sua vertente humanista e solidária, não fosse a sua matéria altruísta e generosa.

Finalista na licenciatura em Administração Pública, na Universidade de Aveiro, vai ingressar no mestrado de Ciências de Comunicação tal o seu gosto e agrado em comunicar. Zé Carlos, como lhe chamam familiares e amigos, é presidente e fundador do grupo Vallis e ainda integra o grupo Folclórico de Santa Cruz de Vila Meã.
“Sempre fui um jovem que procurou estar ligado às associações. Primeiro no grupo folclórico, aos 7 anos de idade, muito graças ao meu tio (ensaiador do grupo) que me integrou nessa altura no grupo e graças a ele visitei vários locais dentro e fora do país. Mais tarde, já com o gosto pelo associativismo despertado em mim, e terminado o 12º ano de catequese, eu e outros amigos de infância, criamos o Grupo Vallis em prol do desenvolvimento de Vila Meã”, conta o nosso jovem interlocutor.

O grupo Vallis é bem conhecido entre os vilameanenses e muito acarinhado.
“Com quatro anos de existência, os vilameanenses acolhem-nos muito bem e estimam-nos muito. Viu-se pelo evento que realizamos já este ano, no qual servimos 400 francesinhas nos Bombeiros Voluntários de Vila Meã, cujo valor reverteu para a associação humanitária”, revela com satisfação.

“Foi uma adesão incrível, o que nos deixa muito orgulhosos. O Vallis tornou-se, de um pequeno grupo de jovens, numa associação já consolidada”, assegura.

O Zé Carlos considera que o seu caminho foi surgindo naturalmente nestes meios do associativismo e agora, que revê o seu ainda curto percurso, confessa: “Jamais me imaginaria a liderar uma associação. Sinto-me bem acolhido e rodeado e é uma liderança em que há totalmente liberdade e partilha de ideias. Sou um presidente que não gosta de se impor, mas de partilhar”.

O seu lado emocional está muito vincado na hora de tomar decisões e é isso que vai definindo também o seu trajeto de vida na comunidade.

“Eu sou muito sentimental. Vou na rua, vejo alguém a precisar de ajuda e eu não consigo ficar indiferente. Em Aveiro, numa tarde, deparei-me com uma senhora a chorar na rua, que não tinha dinheiro para comprar uma garrafa de gás. Não consegui ficar indiferente e dei-lhe o dinheiro”, comenta.

“Fico muito tocado com a pobreza, daí trazer certas atividades para o Vallis. Somos de causas solidárias e isso deixa-me realmente feliz. A ajudar as pessoas é onde me sinto bem”, ressalva.

O grupo Vallis tem também como causa organizar eventos para várias gerações. No início de cada ano preparam um plano de atividades com a preocupação de ter eventos de todo o tipo: sociais, culturais ou solidários.

“Toda esta vivência no grupo Vallis é uma aprendizagem para mim”

“Consegui desenvolver outras capacidades que eu tinha, e desconhecia, na liderança do grupo e na organização de eventos. Viver numa terra pequena, não sendo um grande centro urbano, desafia os jovens a envolverem-se em associações e outras causas. É um desafio enorme, sobretudo nos primeiros tempos do Vallis, desenvolver algo para a comunidade, mas procuramos sempre e sobretudo envolver os jovens e outras associações, em parceria, porque é uma comunidade que gosta de se afirmar no concelho de Amarante”, reconhece.

Todos são bem-vindos a integrar este grupo de amigos. “No grupo Vallis tentamos chamar as pessoas e procuramos os jovens para se virem juntar ao grupo. As portas estão sempre abertas, temos jovens dos 14 aos 18 anos e os mais velhos vão saindo por outros projetos de vida”.

Com 21 anos, outros projetos começam a surgir e o Zé Carlos segue com toda a confiança em abraçar aquilo que o realiza. “É curioso que até a minha mãe me diz que não me vê a abandonar este projeto”, confidencia com um sorriso pensativo.

“O associativismo sempre estará em mim, mas eu tenho outros planos de vida em termos profissionais. No entanto, vejo-me sempre a fazer algo por esta terra e por este concelho”, assegura.

Com o grupo Vallis e o contacto permanente com várias gerações, reflete sobre os desafios da sociedade atual, mas Zé Carlos mostra-se confiante que com as atitudes certas o melhor triunfará.

“É cada vez mais complicado decifrar qual é o papel dos jovens na sociedade atual. Eu envolvo-me em projetos de maneira séria e comprometida, mantendo sempre o bom espírito e a minha faceta divertida e alegre. O mundo atravessa um momento complicado e esses valores é o que a sociedade precisa. Um bem-estar geral”, conclui.
Esta entrevista pode ser ouvida em podcast.