A Inteligência Artificial (IA) foi o mote e contexto principal do debate na segunda edição conferência INQUIETAR – o cerne da educação, promovida pelo Município de Amarante, nos dias 5 e 6 de abril, direcionada para professores e restante comunidade escolar e que contou com a participação de mais 250 pessoas.
A Diretora Executiva da Associação Empresarial de Vila Meã, Rosário Meneses, foi uma das intervenientes na tarde do segundo dia da conferência INQUIETAR, abordando algumas perspectivas da presença e utilização IA no contexto empresarial local.
“A maioria das empresas demonstra algum nível de conhecimento sobre inteligência artificial e recorre à utilização desta ferramenta. Aliás, constata-se que há interesse significativo das empresas em utilizar inteligência artificial em várias áreas dos seus negócios, mas também há empresas que desconhecem a IA e algumas não a querem utilizar”, comentou Rosário Meneses, numa análise suportada num pequeno inquérito realizado a 10 empresas de áreas distintas, nomeadamente agricultura, retalho, saúde, automóvel, materiais de construção, turismo, contabilidade.
“Os dados indicam que as áreas a que mais recorrem contemplam comunicação e gestão de stocks, gestão financeira, onde as empresas reconhecem oportunidades para melhorias significativas através da IA”, anotou.
Considerando que nas pequenas empresas locais, mesmo as mais tradicionais, há consciência de que vai haver grandes mudanças, desafios e oportunidades, mas as realidades são distintas entre os empresários que estão a realizar investimento significativo em tecnologia, enquanto outros limitam-se a softwares gratuitos.
Contudo os recursos decorrentes da IA revelam-se de enorme utilidade e impacto para as empresas que justificam o acesso a talentos qualificados em IA e tecnologias relacionadas, recursos financeiros para investir em tecnologias de IA, educação e consciencialização sobre os benefícios e desafios da IA, apoio governamental ou incentivos para adoção de tecnologias de IA.
“Neste contexto da inteligência artificial, as empresas estão cada vez mais à procura de um perfil profissional que possua uma combinação de competências técnicas, interpessoais adequada à função e com capacidade de adaptação”, considera, realçando como aspetos importantes para formação e melhor capacitação do aluno a “curiosidade, capacidade de aprendizagem contínua, pensamento critico, assim como a capacidade e resistência que facilite a adaptação rápida a novos ambientes e desafios, a lidar com a incerteza”.
Considerando as caraterísticas pessoais de cada um, como a capacitação da aprendizagem e a sua adequação ao contexto de trabalho, considera-se de relevante importância a solidez das caraterísticas interpessoais essenciais para trabalhar em equipa, bem como saber acumular experiências profissionais, associativas, comunitárias.
O painel de debate em que a Diretora Executiva da AE Vila Meã interveio contou ainda com a participação do Diretor do núcleo de Amarante do CENFIM, José Silveira, do presidente da Associação Empresarial de Amarante, Bruno Costa, e de Luís Natário, CEO Empresa LNS-3D e ex-aluno CENFIM.
Rosário Meneses realça que a AE Vila Meã está atenta aos novos contextos e desafios da Inteligência Artificial na mais valia que pode aportar às empresas e nesse domínio considera essencial impulsionar a Formação Profissional de dirigentes e colaboradores, organizar workshops de capacitação, apresentar exemplos de aplicação com visita a empresas, fomentar do networking para estimular cruzamento de experiências, sensibilizar e reivindicar junto dos decisores políticos apoios, estímulos e benefícios fiscais ao investimento em tecnologia avançada e informar e acompanhar empresas em programas de apoio no âmbito do Portugal2030 e PRR.
A conferência debateu aquele que é provavelmente um dos maiores temas da atualidade. Ao longo de dois dias o debate, no auditório Amarante Cine-Teatro, foi bastante participativo numa partilha de profissionais, cientistas e pensadores com várias perspetivas e conhecimentos sólidos sobre o tema, tendo sido abordadas questões como “Quais são os potenciais impactos da Inteligência Artificial na relação entre professores e alunos, e como podemos manter a componente humana e relacional essencial no ambiente de aprendizagem? Como podemos assegurar que a integração da Inteligência Artificial no processo educativo respeita e promove as características individuais e as necessidades específicas dos alunos? Quais são os desafios éticos e legais que surgem com o uso da Inteligência Artificial no ensino, especialmente no que diz respeito à proteção de dados dos alunos e à responsabilidade por eventuais decisões automatizadas?”.
A organização, a cargo do Município de Amarante, contou com a parceria do Instituto +Liberdade e as Escolas do concelho, designadamente: Agrupamento de Escolas Amadeo de Souza-Cardoso, Agrupamento de Escolas Teixeira de Pascoaes, Escola Secundária de Amarante, Colégio de São Gonçalo, CENFIM, EPALC, Externato de Vila Meã e Conservatório de Amarante.