Carina Internacional Mulher

“Há mulheres altamente competentes na área empresarial”

A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinalou no dia 8 de março, fomos saber um pouco mais dos desafios de ser Mulher e Empresária em Portugal.

Como se pode constatar, temos assistido, nas últimas décadas, a uma mudança significativa no papel das mulheres no mundo empresarial, mas, reconhece-se que ainda existem alguns desafios específicos que as mulheres enfrentam ao gerir negócios e conciliar vida pessoal e profissional.

Enquanto mulher, mesmo embrenhada no contexto empresarial, não se pode dissociar da exigência em conciliar as tarefas do trabalho com as responsabilidades familiares: cuidar dos filhos, dos pais idosos ou de outros membros da família pode ser um desafio constante; é difícil conseguir o equilíbrio entre a presença na empresa com a necessidade de atender aos cuidados da família.

Considerando que, apesar de muitos progressos e de uma presença mais acentuada de mulheres no universo empresarial, elas continuam a ter de superar expectativas de competência bem-sucedida entre o desempenho exemplar de liderança nas empresas e a realização, sem mazelas, nos cuidados da família.

Nesta reportagem fomos ao encontro de duas empresárias locais. Helena Santos e Carina Lourenço receberam-nos no seu ambiente de negócio, falaram da circunstância de ser mulher e empreendedoras, dos desafios e da realização que sentem na liderança das suas empresas.

A mulher e empresária Carina Lourenço considera que se esbateram diferenças e entende que, na realidade social atual, as circunstâncias e oportunidades, nomeadamente no contexto empresarial, se afiguram iguais entre mulheres e homens.

Pelo menos, assim o sente no seu ramo de negócio e na vida que construiu sendo mulher, mãe e empreendedora.

“Sou uma empresária que quer sempre mais, nem sei se isso é bom ou mau, mas sou ambiciosa tal como qualquer empresário que quer ver crescer a sua empresa”, anota esta dinâmica empresária, proprietária da 28 Viagens, uma agência de viagens com loja na Serrinha.

A empresária considera que a posição da mulher na sociedade mudou ao longo das últimas gerações: “Não vejo diferença nenhuma em ser mulher e homem. Vejo na minha área de negócio muitas mulheres a trabalhar, sendo empresárias que construíram o seu negócio. No contexto europeu e português não vejo que exista desigualdade”.

No entanto, também admite que nas gerações mais velhas ainda se assiste a uma desigualdade, nomeadamente salarial, dando como exemplo o emprego em fábricas têxtil ou de calçado.
Com uma opinião assertiva, lembra as quotas de género na política, que diz não se justificar: “Acho perfeitamente desnecessário estipular quotas para as mulheres na política. Esta é uma decisão própria, uma opção cívica que deve estar acima da condição de género. Pelo contrário, julgo que a imposição quotas até diminui a condição”.

Assume-se como uma mulher confiante e certa de que os papéis que desempenha como cuidadora dos filhos e da casa são para si uma escolha feliz.

“Em casa tenho muito mais tarefas domésticas que o meu marido, nomeadamente nos cuidados e hábitos diários com os nossos filhos, mas não o vejo como uma questão de desigualdade. É um papel que eu assumi e que, tradicionalmente e na nossa cultura, é assim. Prefiro ter essas responsabilidades e deixar tarefas de força ou habilidade na resolução de eventuais reparos para o meu marido”, refere.

“Entendo que tudo na vida é uma questão de escolhas”, considera a empresária, abordando como escolha pessoal uma presença efetiva e mais próxima da família para dar apoio aos filhos e marido, que a impossibilita de ter saídas de trabalho frequentes como guia turística.

Por isso, ressalva que uma mulher solteira e sem filhos tem muito mais facilidade em gerir uma carreira profissional e empresarial, mas para Carina “fazemos escolhas e temos de estar bem com elas”.

“Na nossa sociedade, compreendendo-se que a mulher esteja mais ligada à vida familiar, tem que fazer uma gestão de tempo, escolhas e prioridades que não a limitem no seu crescimento a nível profissional”, afiança.

Com dois filhos de 4 e 9 anos e com uma entusiasmante atividade profissional, que a preenche, confessa: “Não me imagino a trabalhar em casa e não seria totalmente realizada só a tratar dos meus filhos”.

Olhando para a influência das mulheres empreendedoras, líderes de empresas, a nossa interlocutora considera que “há mulheres altamente competentes na área empresarial e temos grandes referências em Portugal que nos inspiram”.

E prossegue, comparando caraterísticas intrínsecas que distinguem homens de mulheres, mas que podem ser complementares: “As mulheres são criativas, conseguem fazer mais tarefas em simultâneo, interpretam nas entrelinhas. Enquanto os homens são práticos e objetivos, mas a mulher é mais eficiente nos pormenores”.

A finalizar a nossa conversa, Carina Lourenço conta que enveredou por este ramo de negócio e abriu a sua agência de viagens, por um desafio.

“Tinha tempo, gostava muito do contacto com o público e gostava de viajar”, revela.

“Rapidamente a empresa cresceu e agora noventa por cento do meu tempo é passado aqui. Não senti nenhum impedimento por ser mulher em abrir um negócio, mas também nunca me senti beneficiada por ser mulher”, conclui, asseverando que a fidelização dos clientes decorre do profissionalismo por que se pauta nos serviços que presta na agência de viagens.