A propósito do Dia Internacional da Mulher, que se assinalou no dia 8 de março, fomos saber um pouco mais dos desafios de ser Mulher e Empresária em Portugal.
Como se pode constatar, temos assistido, nas últimas décadas, a uma mudança significativa no papel das mulheres no mundo empresarial, mas, reconhece-se que ainda existem alguns desafios específicos que as mulheres enfrentam ao gerir negócios e conciliar vida pessoal e profissional.
Enquanto mulher, mesmo embrenhada no contexto empresarial, não se pode dissociar da exigência em conciliar as tarefas do trabalho com as responsabilidades familiares: cuidar dos filhos, dos pais idosos ou de outros membros da família pode ser um desafio constante; é difícil conseguir o equilíbrio entre a presença na empresa com a necessidade de atender aos cuidados da família.
Considerando que, apesar de muitos progressos e de uma presença mais acentuada de mulheres no universo empresarial, elas continuam a ter de superar espectativas de competência bem-sucedida entre o desempenho exemplar de liderança nas empresas e a realização, sem mazelas, nos cuidados da família.
Nesta reportagem fomos ao encontro de duas empresárias locais. Helena Santos e Carina Lourenço receberam-nos no seu ambiente de negócio, falaram da circunstância de ser mulher e empreendedoras, dos desafios e da realização que sentem na liderança das suas empresas.
A empresária Helena Santos, proprietária de uma ourivesaria há 24 anos no centro de Vila Meã, acedeu à nossa reportagem, revelando, enquanto mulher, como equilibra os desafios do negócio com os cuidados familiares.
“Entendo que ser mulher e empresária é conciliável, desde que a pessoa goste do que está a fazer”, começou por considerar à nossa abordagem, comentando as exigências que se esperam mais das mulheres, sobretudo na conciliação das obrigações empresariais com as responsabilidades familiares.
Apesar de não ser casada e não ter filhos, Helena vive com a mãe, uma senhora de 95 anos, cujos cuidados requerem atenção constante. A sua rotina diária envolve levar a mãe ao centro de dia, vesti-la e garantir que suas necessidades sejam atendidas.
“Enquanto mulheres conseguimos fazer uma série de coisas ao mesmo tempo, pois temos essa facilidade de nos organizarmos e não considero que, apesar das exigências e responsabilidades na gestão do negócio, nos seja impossível assumir com sucesso a realização empresarial”, ressalva.
Olhando para a sua experiência, enquanto sócia da Emalite – Ourivesaria L&L, os desafios do negócio, entende que as mulheres têm uma habilidade muito própria para equilibrar múltiplos papéis. Na sua área específica de negócio não considera que exista qualquer diferença de género e o facto de ser mulher até pode ajudar ao negócio, sobretudo na delicadeza e sensibilidade da relação com os clientes.
“No meu negócio considero que, enquanto mulher, pode ser vantajoso, porque os nossos consumidores mais frequentes são mulheres e os homens, sempre que vêm comprar prenda para uma mulher, estão sempre à espera do nosso aconselhamento”, comenta.
Apesar de gostar muito do que faz, Helena Santos reconhece que o negócio não dá descanso: “Estou contente e agrada-me o que faço aqui na ourivesaria, mas psicologicamente é desgastante. Sou uma pessoa que gosta de ter tudo muito bem organizado e dificilmente consigo desligar-me do trabalho e isso exige muita disponibilidade”.
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Uma das maiores exigências de um empresário é não conseguir desligar-se totalmente do trabalho. Por exemplo, vou de férias, mas estou sempre preocupada, não há descanso, os compromissos e preocupações são exigentes, embora goste do que faço”, conclui.