O Gosto é Fugitivo, a Sorte Escassa é uma antologia de poesia de um poeta amarantino do século XVIII, Paulino António Cabral, mais conhecido como Abade de Jazente.
Esta antologia é composta de uma selecção de poemas efectuada a partir de uma edição fac-símile da edição original de 1786. A obra, editada pela Officina Noctua, tem prefácio de Fernando Pinto do Amaral e ilustração de Vera Matias.
O livro tem uma tiragem de 300 exemplares, dos quais 30 são numerados e as respectivas ilustrações e capa impressas em serigrafia. A edição especial inclui ainda uma serigrafia extra, que consta parcialmente na contracapa do livro.
Quanto ao interesse que pode suscitar hoje em dia a obra de um poeta-abade do século XVIII, passo a citar este esclarecedor excerto do prefácio da autoria de Fernando Pinto do Amaral “Paulino mantém sempre os pés na terra: ele olha para o mundo e para si próprio a partir da sua paróquia de Jazente, mas não olha para o Além. Não, a poesia do Abade de Jazente não é a de um místico ou a de um asceta, um desses seres desencarnados que falam com os espíritos ou os escutam mediunicamente na solidão da noite. Também não é uma oração ou um apelo dirigido a um Supremo Arquitecto que exista na fé ou na imaginação dos crentes – Paulino não tem essa ambição: a sua poesia é a de um homem terreno, com prazeres terrenos e com dores terrenas, mas também com o comprazimento da sua distância perante as ninharias ou as “bagatelas” do mundo (…) É desse olhar distante, “por cima das Estrelas”, que nasce a pulsão crítica do Abade de Jazente – um olhar em que os humanos lhe provocam o riso, quando vistos a uma conveniente distância. Digamos que a sua perspectiva oscila entre um certo fascínio pelo que observa à sua volta e o desencanto pelos costumes dos homens.”
Paulino António Cabral nasceu em 1719, foi abade na freguesia de Jazente entre 1753 e 1784, ano em que passou a abade reservatário por questões de saúde e se mudou para Amarante para viver os últimos anos da sua vida na Rua da Portela, que corresponde à que é hoje a Rua Miguel Pinto Martins, local onde se situa a Officina Noctua.
Note-se que Fernando Pinto do Amaral, autor do prefácio do livro, é escritor e professor da Faculdade de Letras de Lisboa, onde lecciona desde 1987. Publicou cerca de 20 livros, divididos entre a poesia, a ficção, o ensaio, obras para a infância, etc. Exerceu crítica literária no Público, no JL, na Colóquio-Letras e noutras publicações. Traduziu poetas como Baudelaire, Verlaine e Jorge Luis Borges, entre outros. Recebeu diversos prémios, entre os quais o Prémio do PEN Clube (Poesia) pelo seu livro Manual de Cardiologia (2016) e o Prémio Goya (Madrid, 2008) na categoria de Melhor Canção Original, pela letra do “Fado da Saudade”, no filme Fados de Carlos Saura. Foi comissário do Plano Nacional de Leitura entre 2009 e 2017. O seu livro mais recente é Última Vida (poesia), editado pela Dom Quixote em Maio de 2023.
A ilustradora Vera Matias, natural de Amarante, vive e trabalha no Porto. Licenciou-se em Cenografia pela Escola Superior de Música, Artes e Espectáculo do IPP e é mestre em Estudos Artísticos pela Faculdade de Belas-Artes da UP. Em 2018 co-fundou um colectivo multidisciplinar, finalista do Prémio Novo Banco Revelação. Desenvolve trabalho em pintura e expõe regularmente em Portugal.
O livro pode ser encontrado nas livrarias da loja: https://officinanoctua.pt/livros/