Manuel Vieira Pinto

Bispo amarantino D. Manuel Vieira Pinto evocado no centenário nascimento

O bispo, natural de Aboim, Amarante, D. Manuel Vieira Pinto, foi evocado na sua terra natal, no passado dia 9 de dezembro, por ocasião da passagem do centenário do seu nascimento.

Ao longo do dia 9 de dezembro, precisamente no dia em que se assinalavam 100 anos do nascimento de Manuel Vieira Pinto (09/12/1923), decorreram algumas iniciativas evocativas deste notável prelado da igreja católica portuguesa e Bispo de Nampula, em Moçambique. O dia de homenagem começou pela manhã com a romagem à sepultura de D. Manuel Vieira Pinto, pelas 10h30, no cemitério paroquial de Aboim, a que se seguiu a celebração eucarística, presidida pelo Pe. José Luzia Gonçalves, que foi seu colaborador na diocese de Nampula, em Moçambique.

Um dos momentos altos do dia aconteceu durante a tarde com a apresentação do livro “Moçambique – Da Colonização à Guerra Colonial – A Intervenção da Igreja Católica”, pelo Bispo Emérito das Forças Armadas e Segurança, D. Januário Torgal Ferreira, em homenagem a D. Manuel Vieira Pinto, com a intervenção do escritor penafidelense Alberto Santos e a presença do presidente da Câmara de Amarante, José Luís Gaspar.

O livro, da autoria de Amadeu Araújo e Manuel Vilas Boas, com prefácio do general António Ramalho Eanes, divulga documentos com mais de meio século de existência e conta, na primeira pessoa, os factos históricos, oferecendo ainda uma leitura sobre a colónia do Índico, da colonização à Independência, não esquecendo os desmandos da revolução marxista leninista, onde na busca da paz e da reconciliação entre moçambicanos sobressai a figura redentora de D. Manuel Vieira Pinto.

A rádio TSF também se associou à evocação do centenário do nascimento de D. Manuel Vieira Pinto com a emissão, pelas 12h, de uma reportagem que intitulou “Os caminhos andados do profeta de Amarante”.

“Foi pela manhã de 9 de Dezembro de 1923 que nasceu Manuel da Silva Vieira Pinto, em Aboim, no concelho de Amarante. A pobreza dava mãos à generosidade, numa terra pequena e de fracos recursos.

José Lino é um dos nove irmãos e um dos três afilhados do padre Manuel. Ambiência rural de pequenos agricultores. Para o segundo filho mais velho, o Manuel, estava destinado, segundo o pai, o comando do pouco património da família. Com a ajuda do pároco, o Seminário Diocesano do Porto ganhou mais um candidato. Cedo se manifestou nele o líder natural que, depressa, se fez sentir nos eventos, de carácter cultural e festivo, na aldeia dedicada a S. Pedro”, assim se começa por ouvir na TSF a reportagem que evoca a vida, missão pastoral e humana, testemunho e legado do Bispo de Nampula.

Nesta reportagem lembram-se “os 12 anos de formação humana e teológica, exigidos para o exercício pleno do sacerdócio católico”, a missa nova do jovem padre Manuel, a 15 de Agosto de 1949, antecedida pela ordenação na catedral do Porto, o acompanhamento dos jovens operários da Acção Católica, nas periferias da cidade do Porto, a nomeação, em 1955, Director espiritual do Seminário Menor de Vilar, bem como a sua participação, na década de 60, nos comentários na RTP.

“O Vaticano, na pessoa do Papa Paulo VI, não hesitou escolher, em 21 de Abril de 1967, o padre Manuel Vieira Pinto, director do Movimento por um Mundo Melhor, para bispo da diocese de Nampula, no norte de Moçambique.

Um gesto profético bem calculado, no aeroporto de Nampula, haveria de marcar indelevelmente, o seu múnus episcopal, na colónia de Moçambique. Uma criança negra, arrancada ao colo da mãe e projectada contra o Sol, fez estremecer uma multidão de colonos brancos, à espera de um pastor católico e português, da mesma cor…”, aborda a reportagem da TSF.

“Com o ministério pastoral, exercido na antiga colónia de Moçambique, como já referido, D. Manuel Vieira Pinto foi vítima da doença de Alzheimer, por mais de uma década, e sepultado, em plena pandemia, a que apenas quatro familiares puderam estar presentes, D. Manuel Vieira Pinto desapareceu aos 96 anos de idade. O arcebispo emérito de Nampula viu-se, assim, ocultado de um mundo que ele, mais do que ninguém, amou até ao fim”, retrata a reportagem.

“Caberá à Igreja Católica em Portugal e em Moçambique, bem como aos Governos destes dois países, envidarem esforços para que não se apague a memória de quem serviu, com dignidade e denodo, a humanidade”, acentua-se no final do programa.
A reportagem completa de Manuel Vilas Boas para a TSF está disponível em podcast: https://www.tsf.pt/portugal/sociedade/os-caminhos-andados-do-profeta-de-amarante-17480015.html