Procissão Festa na aldeia

Procissão / Festa na aldeia

 

… Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim pelo chão
Na nossa aldeia, que Deus a proteja
Vai passando a procissão
Mesmo na frente, marchando a compasso
De fardas novas, vem o solidó
Quando o regente lhe acena com o braço
Logo o trombone faz popopó, popó, popó
… Olha os bombeiros, tão bem alinhados!
Que se houver fogo vai tudo num fole
Trazem ao ombro brilhantes machados
E os capacetes rebrilham ao sol
… Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim pelo chão
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Vai passando a procissão
… Olha os irmãos da nossa confraria!
Muito solenes nas opas vermelhas!
Ninguém supôs que nesta aldeia havia
Tantos bigodes e tais sobrancelhas!
… Ai, que bonitos que vão os anjinhos!
Com que cuidado os vestiram em casa!
Um deles leva a coroa de espinhos
E o mais pequeno perdeu uma asa!
… Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim pelo chão
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Vai passando a procissão
… Pelas janelas, as mães e as filhas
As colchas ricas, formando troféu
E os lindos rostos, por trás das mantilhas
Parecem anjos que vieram do céu!
… Com o calor, o Prior vai aflito
E o povo ajoelha ao passar o andor
Não há na aldeia nada mais bonito
Que estes passeios de nosso senhor!
… Tocam os sinos na torre da igreja
Há rosmaninho e alecrim pelo chão
Na nossa aldeia, que Deus a proteja!
Já passou a procissão.

António Lopes Ribeiro

António Filipe Lopes Ribeiro foi um cineasta português, nasceu em 1908, Lisboa, e faleceu em 1995. Começou por se dedicar à crítica cinematográfica, a partir dos 17 anos, no Diário de Lisboa, e no exercício da qual fundou diversas revistas dedicadas à crítica de cinema. Três anos mais tarde, estreou-se como realizador com o documentário Bailando ao Sol (1928).

De 1940 a 1970, parte da sua obra cinematográfica é dedicada aos atos oficiais do Estado Novo, sendo por isso chamado “cineasta do regime”. Alguns exemplos desta faceta são A Revolução de Maio (1937), Feitiço do Império (1940) ou Manifestação Nacional a Salazar (1941). A 22 de julho de 1940, foi agraciado com o grau de Oficial da Ordem Militar de Sant’Iago da Espada. Demarcou-se como produtor de cinema (fundador das Produções Lopes Ribeiro em 1941), foi jornalista, argumentista, profissional de televisão desde 1957 (foi apresentador do programa Museu do Cinema, na RTP, de 1961 a 1974), da rádio e figura do teatro. Refira-se também a realização de Frei Luís de Sousa, em 1950, Amor de Perdição em 1943 e O Pai Tirano em 1941.