Eduardo Lourenço nasceu no dia 23 de maio de 1923, em S. Pedro de Rio Seco, Almeida e faleceu em Lisboa, no dia 1 de dezembro de 2020. Foi professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta e interventor cívico.
Oriundo de uma pequena aldeia da Beira Interior, era o mais velho dos sete filhos de Abílio de Faria, Capitão de Infantaria, e de sua mulher Maria de Jesus Lourenço. Mudou-se para a Guarda em 1932 e ingressou no Colégio Militar em 1934, um ano depois de o pai partir para Nampula, em Moçambique.
Em 1940, estudante na Universidade de Coimbra, encontra aí um ambiente aberto e propício à reflexão cultural que sempre haveria de prosseguir. Obtém a licenciatura em Ciências Histórico-Filosóficas em 1946. Torna-se assistente da Faculdade de Letras entre 1947 e 1953, colaborando com Joaquim de Carvalho. É nesse período que publica o seu primeiro livro, Heterodoxia (1949), que reúne uma parte da sua tese de licenciatura, O Sentido da Dialética no Idealismo Absoluto. Colaborou também no Diário de Coimbra, publicando as Crónicas Heterodoxas.
Com uma bolsa do Programa Fulbright, em 1949 realiza um estágio na Universidade de Bordéus.
Leitor de Cultura Portuguesa entre 1953 e 1955 nas universidades de Hamburgo e Heidelberg, exerce a mesma atividade na Universidade de Montpellier de 1956 a 1958. Casa-se com Annie Salamon, em Dinard, em 1954. Após um ano passado na Universidade Federal da Bahia, como professor convidado de Filosofia, passou a viver em França em 1960.
ixou residência em Vence, em 1965. Foi leitor na Universidade de Grenoble de 1960 a 1965 e maître assistant na Universidade de Nice até 1987, passando a maître de conferences em 1986. Tornou-se professor jubilado em Nice em 1988.
Então, em 1989 assume funções como conselheiro cultural junto da Embaixada Portuguesa em Roma, até 1991. Desde 1999 ocupa o cargo de administrador (não executivo) da Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
O Centro de Estudos Ibéricos criou em sua homenagem o Prémio Eduardo Lourenço, atribuído desde 2005 e destinado a agraciar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, da cidadania e da cooperação ibéricas.
Foi um dos principais signatários do Manifesto em Defesa da Língua Portuguesa Contra o Acordo Ortográfico de 1990, petição on-line que, entre maio de 2008 (data do início) e maio de 2009 (data da apreciação pelo Parlamento), recolheu mais de 115 mil assinaturas válidas.
No dia 28 de novembro de 2015 foi criada pela Câmara Municipal de Coimbra a Sala Eduardo Lourenço, na Casa da Escrita, destinada a albergar cerca de 3 000 livros do intelectual.
omou posse em 7 de abril de 2016 como Conselheiro de Estado, designado pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa.
Entre as muitas obras que assinou, destacam-se “O Labirinto da Saudade”, “Fernando, Rei da Nossa Baviera” e “Os Militares e o Poder”, tendo sido reconhecido em Portugal, em França, onde se radicou, e noutros países como Espanha.
Prémios
Prémio Camões (1996)
Prémio Pessoa (2011)
Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura (2008)
Medalha de Ouro da Cidade da Guarda (2008)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade de Bolonha (2007)
Criação da Cátedra Eduardo Lourenço de História da Cultura Portuguesa na Universidade de Bolonha (2007)
Homenagem no Congresso Internacional Jardins do Mundo (2007)
Prémio Extremadura para a Criação (2006)
Homenagem da revista brasileira Metamorfoses (2003)
Homenagem da Biblioteca Municipal da Maia (2003)
Prémio Vergílio Ferreira (2001)
Medalha de Ouro da Cidade de Coimbra (2001)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade Nova de Lisboa (1998)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade de Coimbra (1996)
Doutoramento Honoris Causa, pela Universidade do Rio de Janeiro (1995)
Prémio António Sérgio (1992)
Prémio Europeu de Ensaio Charles Veillon (1988)
Prémio Vasco Graça Moura-Cidadania Cultural (2016) instituído pela Estoril-Sol em parceria com a editora Babel.
Condecorações
Portuguesas:
Portugal Grande-Oficial da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico (13 de julho de 1981)
Portugal Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique (10 de junho de 1992)
Portugal Grã-Cruz da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant’Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico (21 de maio de 2003)
Portugal Grã-Cruz da Ordem da Liberdade (9 de junho de 2014)
Estrangeiras:
França Oficial da Ordem Nacional do Mérito de França (1996)
França Cavaleiro da Ordem das Artes e das Letras de França (2000)
França Cavaleiro da Ordem Nacional da Legião de Honra de França (2002)
COMEMORAÇÕES DO CENTENÁRIO
O município da Guarda eternizou Eduardo Lourenço com uma escultura no jardim José de Lemos. A inauguração do busto do filósofo e ensaísta aconteceu no dia em que a autarquia iniciou oficialmente as comemorações do centenário de Eduardo Lourenço.
Também foi colocada uma estátua no Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, em Lisboa, em homenagem ao filósofo pelo centenário do seu nascimento, da autoria do artista Leonel Moura. Na escolha do Jardim Gonçalo Ribeiro Telles, recentemente construído na Praça de Espanha, pesou a relação que Eduardo Lourenço teve com a Fundação Calouste Gulbenkian, segundo um comunicado da Câmara Municipal de Lisboa (CML).