O Circulo Lago Cerqueira apresentou, na Biblioteca Municipal Albano Sardoeira, uma exposição comemorativa da passagem dos 150 anos do nascimento do notável arqueólogo amarantino José de Pinho (1873-2023).
A exposição, apresentada no dia 19 de maio, data do nascimento do arqueólogo José de Pinho, assinala o início das comemorações por parte desta associação cultural, que no domínio da sua intervenção sempre se pauta por dar a conhecer e valorizar a identidade amarantina.
“A vida e a obra de José de Pinho é fascinante. Para além de ser um republicano que teve o seu auge durante a I República e que posteriormente, em 1927, pelo mesmo ideal, teve de se exilar primeiro em Tui e depois em França, foi também o primeiro amarantino a evidenciar-se na arqueologia e etnografia de Amarante e ainda sobre outras regiões. Sobre a nossa terra deixou um legado importantíssimo sobre o conhecimento remoto de Amarante”, realça Pedro Alves Pinto, presidente do Círculo Lago Cerqueira.
José Custódio de Pinho, nascido em Amarante, na freguesia de S. Gonçalo, depois de terminados os estudos primários, frequenta a Academia Politécnica do Porto e a Escola de Belas-Artes. Sobre o concelho amarantino, publica em 1903 “Castros do Concelho de Amarante”. Em 1905 “Etnografia Amarantina – A Caça” e em 1907 “Etnografia Amarantina – A Pesca”.
Foi professor no ano letivo de 1909-1910, no Liceu Nacional de Amarante. Em 1914, é eleito vice-presidente da Câmara Municipal de Amarante. Nomeado, em 20 de janeiro de 1916, administrador do Concelho de Amarante, ocupa a administração, até 7 de março de 1917. Em 22 de maio de 1919, toma posse como inspetor escolar pelo Círculo de Amarante. Nas eleições municipais, realizadas em novembro de 1925, é eleito como membro efetivo à Junta Geral do Distrito, para o triénio de 1926/1928.
Terminada a I República, em maio de 1926, José de Pinho volta novamente à investigação. E assim, profere uma comunicação na Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia em 20 de maio de 1926, sobre o tema a “Expansão da Cultura Megalítica no Concelho de Amarante”.
Após regressar a Portugal do exilio, dedica-se novamente à investigação. Impedido que estava de exercer cargos públicos, publica em 1928, na revista Penha-Fidelis, três trabalhos denominados “A pedra Oscilante de Abragão”, “Cartas de Amor” e a “Ara de Marecos” e no ano seguinte “O Tesouro de Gondeiro”, e “A Cividade de Eja”.
Participa, entre 21 e 30 de setembro de 1930, em Paris, no “ XV Congrés International d`Antropologie & d´Archéologie Préhistorique” e no “IV Session de l`Institut International d`Anthropologie”, com três temas: “Sur les graines trouvées dans la station énêolithique de Pepim – Amarante”; “Certaines pierres branlantes ne sont-elles pas de vrais mégalithes?” e “Sur les survivances du culte phallique dans des fêtes en l`honneur de Saint Gonçalo de Amarante”.
No decorrer de 1931 colabora na revista Penha-Fidelis, através da investigação “A Necrópole Galaico-Romana de Mozinho” e na Pátria com “A Propósito de uma Velha Usança”. Participa também num volume publicado pela Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnografia, sobre o assunto “A Propósito duma Velha Joia Ibérica”.
Faz parte da homenagem prestada a Martins Sarmento, em Guimarães, em 1933, através da preleção “Considerações sobre religiosidade dos citanienses de Briteiros e Sabroso”.
Entre 1933 e 1934, no semanário “Flor do Tâmega”, escreve uma série de crónicas intituladas “Materiais para o estudo do povo amarantino”, tendo colaborado em outros órgãos de comunicação nacionais.
O seu espólio arqueológico ligado à história de Amarante, que foi obtendo ao longo das suas pesquisas, foi doado ao Município de Amarante pelos seus familiares. Após este feito, é decidido atribuir o nome de José de Pinho a uma das alas do convento de S. Gonçalo.
Morre no dia 4 de abril de 1939. O Dr. Lago Cerqueira, despedindo-se do seu dedicado amigo, proferiu umas sentidas palavras. Na reunião da Câmara Municipal de Amarante de 15 de junho de 1992, é atribuido a uma artéria Rua Arqueologo José de Pinho.
No âmbito do programa comemorativo, consta uma palestra sobre arqueologia e a edição de um trabalho biográfico.