Natália Oliveira Correia

“a palavra vem à poesia para tornar audível o que fala no silêncio” Natália de Oliveira Correia

Natália de Oliveira Correia nasceu na Ilha de S. Miguel, Açores, a 13 de setembro de 1923 e morreu em Lisboa a 16 de março de 1993.

Aos 11 anos vem estudar para Lisboa, tendo iniciado muito cedo a sua atividade literária, que, ao longo dos anos, se vai estendendo pelo romance, novela e conto, teatro, ensaio, crónica cultural e cívica, intervenção social, cultural e cívica e argumentos para cinema e televisão. Foi editora, directora jornalística e deputada à Assembleia da República. Colaborou em vários jornais e revistas literárias: Diário de Notícias, Diário Popular, Diário de Lisboa, O Sol, Seara Nova, Europa, Gazeta de Coimbra, etc.

Foi eleita deputada pelo Partido Social Democrata, pelo círculo de Lisboa, nas eleições intercalares de novembro de 1979 para a Assembleia da República, tendo sido reeleita em novembro de 1980.

Em 1976, recebeu do Centre International de Poésie Neo-Latine e do Comité des Prix Petrarque de Poésie Neo- Latine o Prémio Literário La Fleur de Laure que consagra anualmente uma poetisa de língua românica.

Natália Correia destacou-se na luta contra o fascismo, chegando a ser condenada a 3 anos de prisão suspensa, por alegado abuso de liberdade de imprensa; vários dos seus livros foram também apreendidos pela censura.

Traduziu Ésquilo, Eurípedes e Lope de La Vega. A mística, a religiosidade e todas as formas de espiritualidade, convocadas na busca do absoluto, a procura do Ideal e da Beleza e a poética do silêncio são temas recorrentes nos textos da autora, embora a ilha e a sua natureza “de onda e de enxofres vulcânicos” seja efetivamente o eixo fundamental da sua obra. Desassombrada e controversa, defensora dos direitos humanos em geral e da mulher em particular, perseguiu o absoluto heterodoxo, matriz de uma outra morada, mais justa, mais fraterna, sob o signo do Amor Pentecostal.

Na qualidade de guardiã do seu arquivo, com milhares de documentos manuscritos autógrafos e dactiloescritos, fotografias e outros documentos, e da sua livraria, com mais de dez mil volumes, a Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, ciente que é sua missão dar a conhecer a vida e obra desta cidadã ilustre, irá, ao longo deste ano, realizar vários eventos em torno da temática da sua obra e dos seus livros.

Para mais informações visite o site da Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada: https://bparpd.azores.gov.pt/

De destacar algumas das principais obras:

Poesia: Rio de Nuvens, 1947; Poemas, 1955; Dimensão Encontrada, 1957; Passaporte, 1958; Cântico do País Emerso, 1961; O Vinho e a Lira, 1966; Mátria, 1968; A Mosca Iluminada, 1972; Poemas a Rebate, 1975; Epístola aos Iamitas, 1978; Os Sonetos Românticos, 1990; O Sol nas Noites e o Luar nos Dias, 1993; Memória da Sombra, 1994.
Ficção: Aventuras de Um Pequeno Herói, 1945; Anoiteceu no Bairro, 1946; A Madona, 1968; A Ilha de Circe, 1983; Onde está o Menino Jesus? , 1987.

Teatro: O Progresso de Édipo, 1957; O Homúnculo, 1965; O Encoberto, 1969; Erros Meus, Má Fortuna, Amor Ardente, 1981; A Pécora, 1983.

Ensaio e outros: Descobri que era europeia, 1951; Poesia de Arte e Realismo Poético, 1958; Uma estátua para Herodes, 1974; Não Percas a Rosa – Diário e Algo Mais, 1978.

Antologias: Antologia da Poesia Erótica e Satírica, 1966; Cantares dos Trovadores Galego-Portugueses, 1970; Trovas de D. Dinis, 1970; A Mulher, 1973; A Ilha de São Nunca, 1982; Antologia da Poesia Portuguesa no Período Barroco, 1982.