Saem sorrateiramente à rua para manter viva a tradição em Pidre, freguesia de Mancelos, sobem a um dos locais mais altos do lugar, levam um funil de dimensões consideráveis para que possam entoar algumas “verdades” de rumores que se comentam e que neste dia se permitem no ancestral “Botar os Carrapatos”.
Ao longo dos anos muitos dos costumes e tradições foram sendo esquecidos ou caindo em desuso, mas em Mancelos a arte de “botar os carrapatos” nunca deixou de se fazer na véspera do primeiro de Maio em que, habitualmente, as pessoas ainda vão mantendo a velha tradição das Maias colocando à porta de casa uma giesta de flor amarela.
“Com recurso a uma ‘valsa do vinho’ (funil de dimensões consideráveis) são «botados os carrapatos» a partir de um ponto alto para que se possa ouvir pelo maior número de pessoas. É aqui que se pode dizer aquilo que nos outros dias não se pode falar nomeadamente «juntar casais», mantendo-se assim uma antiga tradição que decorre na véspera do 1º de Maio, dia em que se colocam as maias (giestas de flor amarela) nas portas e janelas”, explicam os promotores da iniciativa.
Nessa noite e depois de um jantar convívio, cerca de 30 pessoas, entre jovens e adultos, saem para lançar os carrapatos no alto de Pidre. Sem que saiba ao certo quem são, já a noite vai alta, quando se ouvem vozes que dizem do que se fala ou sabe, mas não se pode dizer, numa animada manifestação que permanece da tradição popular e que, por iniciativa de uns mais atrevidotes, se mantém bem viva.
Para o presidente da Junta, Ricardo Alves, “Botar os carrapatos” é uma tradição esquecida que nunca o foi e que aquela autarquia quer preservar e, associado às tradições da freguesia, apoiar na sua revitalização de forma a que possa atrair mais atenção e envolver mais a comunidade.