Mário Pais de Oliveira

É de Biografias que se Fala – Padre Mário Pais de Oliveira

Nasceu no dia 8 de março de 1937, na freguesia de Lourosa, Santa Maria da Feira. A mãe, Maria Alice dos Santos, era jornaleira nos campos, o pai, David Gomes de Oliveira, era operário de uma fábrica de serração de madeiras e foi emigrante em Moçambique. Foi baptizado na Igreja paroquial de Lourosa a 21 de março do mesmo ano. Em outubro de 1950 deu entrada no Seminário da Diocese do Porto, cujo primeiro ano funcionava, cumulativamente, no Colégio Diocesano de Ermesinde. Os anos seguintes passou-os no Seminário de Trancoso, em Vila Nova de Gaia, no Seminário de Vilar e no Seminário da Sé.

Em agosto de 1962 foi ordenado padre na Sé Catedral do Porto, pelo bispo D. Florentino de Andrade e Silva, Administrador Apostólico da Diocese. A missa nova decorreu oito dias depois em Lourosa. Em outubro desse ano começou a desempenhar o cargo de coadjutor na Paróquia de Santo António das Antas, no Porto; no entanto, a sua maneira popular de evangelizar incomodou o primeiro pároco da paróquia que pediu a sua remoção.

Em outubro de 1963 iniciou a sua actividade como professor de Religião e Moral, no Liceu Alexandre Herculano; apoiava, ao mesmo tempo, os estudantes do referido liceu. Em outubro de 1965, passou para o Liceu D. Manuel II, desempenhando também as funções de assistente diocesano da JEC até ser interrompido nesta sua missão pastoral, em 1967, pelo Administrador Apostólico da Diocese, por suspeita de apoiar atividades subversivas dos estudantes e favorecer o movimento associativo. Foi então nomeado capelão militar e obrigado a frequentar, durante cinco semanas seguidas, um curso intensivo de formação militar, na respectiva Academia, em Lisboa. Nesse ano desembarcou na Guiné-Bissau, como alferes capelão do Exército português, integrado no batalhão 1912, na região de Mansoa.

Em março de 1968, foi expulso por ter ousado pregar o direito dos povos colonizados à autonomia e independência e regressou à sua Diocese, rotulado como “padre irrecuperável”. Em abril começou a paroquiar na freguesia de Paredes de Viadores, Marco de Canaveses, por nomeação do Administrador Apostólico da Diocese do Porto, mas em junho de 1969 foi exonerado pelo mesmo Administrador e convidado a abandonar a paróquia num prazo de 24 horas.

Em outubro de 1969 começou a paroquiar a freguesia de Macieira da Lixa, Felgueiras, por nomeação do Bispo do Porto, D. António Ferreira Gomes, que acabara de regressar do exílio onde havia permanecido 10 anos.

Em julho de 1970, Padre Mário foi preso pela primeira vez pela PIDE/DGS e libertado em março do ano seguinte, depois de ter sido julgado e absolvido pelo Tribunal Plenário do Porto. Depois de alguns meses de exílio em Madrid, regressou à paróquia de Macieira da Lixa. Em março de 1973 foi preso pela segunda vez.

Em fevereiro de 1974 saiu em liberdade e foi informado pelo Bispo do Porto que tinha sido destituído do seu cargo de pároco em Macieira da Lixa. Passou a integrar, a partir de janeiro de 1975, a Equipa Pastoral da Zona Ribeirinha do Porto e a exercer jornalismo, no vespertino “República”. Mas em outubro, ficou sem qualquer ofício pastoral, depois da demissão dos três párocos coordenadores da Equipa Pastoral.

A partir daí, procurou, por todos os meios, anunciar o Evangelho aos Pobres e dinamizar o Projecto Eclesial Comunidades Cristãs de Base, trabalhando como jornalista no “Página Um” e no “Correio do Minho”.

Em julho de 1995, e a convite do Jornal “Público, regressou à Guiné-Bissau, onde permaneceu uma semana, com a função de escrever uma crónica por dia sobre o passado e o presente daquela antiga colónia portuguesa.

Tornou-se director do Jornal Fraternizar, desde a sua fundação em janeiro de 1988, na sede da qual viveu até se mudar para Macieira da Lixa em fevereiro de 2004. A partir de 2011, a edição tornou-se apenas online. Foi colaborador assíduo do jornal “O Arrifana”. Foi Presidente da Assembleia Geral da Associação Cultural e Recreativa “As Formigas” de Macieira e apoiou incondicionalmente a construção do Barracão da Cultura, em Macieira da Lixa, doando à Associação todos os seus direitos de autor.

O Padre Mário de Oliveira faleceu no dia 24 de fevereiro de 2022. Ao longo da sua vida publicou mais de cinco dezenas de livros. Destaquem-se:
Evangelizar os pobres (Figueirinhas, 1969); Chicote no Templo (Afrontamento, 1973); Mas à África, Senhores, Por que lhes Dais Tantas Dores (Campo das Letras, 1997); Fátima Nunca Mais (Campo das Letras, 1999); Nem Adão e Eva, Nem Pecado Original (Campo das Letras, 2000); Que fazer com esta Igreja (Campo das Letras, 2001); Em Memória Delas, Livro de Mulheres (Campo das Letras, 2002); E Deus disse: do que eu gosto é de política, não de religião (Campo das Letras, 2002); Com Farpas. Mas com Ternura (Ausência, 2003); Ouvistes o Que Foi Dito aos Antigos. Eu, Porém, Digo-vos (Campo das Letras, 2004), Canto(s) nas Margens (Ausência, 2005); O Outro Evangelho Segundo Jesus Cristo (Campo das Letras, 2005); Em Nome de Jesus (Editora Arca das Letras, 2005); Na Companhia de Jesus e de Ateus. Livro dos Actos sec. XXI (Edição de Autor, 2005); O Outro Evangelho Segundo Jesus Cristo (Campo das Letras, 2005); Quando a Fé Move Montanhas (Editorial Magnólia, 2008); Novo Livro do Apocalipse ou da Revelação (Areias Vivas, 2009), Fátima, S. A. (Seda Publicações, 2015); A Bíblia ou Jesus (Seda Publicações, 2017); O Evangelho no Pretório (Seda Publicações, 2018); Jesus, Segundo os 4 Evangelhos em 5 Volumes (Seda Publicações, 2019); Do Mítico Cristo da Fé ao Jesus Histórico (Seda Publicações, 2021).