Lino Macedo, atual presidente da Junta de Freguesia de Vila Meã, em entrevista ao Jornal de Vila Meã, comentou os desafios destes últimos dois mandatos autárquicos, bem como adiantou algumas das perspetivas de desenvolvimento que considera determinantes nos próximos anos.
Passados quase dois anos demasiado atípicos, por força da pandemia Covid-19, que assolou o país e o mundo, as freguesias tiveram que readaptar para dar suporte às necessidades primárias da sua população. Vila Meã não foi exceção.
Lino Macedo admite que o realce maior neste último mandato foi sem dúvida a pandemia, que marcou a sociedade e a gestão da Junta de Freguesia.
O presidente reconhece que a relação de “proximidade que a junta tem com a população, ajudou muita gente”. As Juntas de Freguesia são as primeiras a quem as pessoas recorrem para reportar situações de maior importância e urgência de intervenção.
“O conhecimento daquilo que faz falta à população e à vila só é possível ouvindo as pessoas da freguesia e isso só se consegue através da proximidade, que praticamos com elas. E desde o primeiro dia que assumimos a gestão desta freguesia que temos procurado estar perto da nossa gente, diariamente ao longo de todo o mandato”, afirma Lino Macedo.
Este último ano, em particular, foi necessário intervir em várias áreas, nomeadamente na educação, que muito sentiu esta pandemia. “Quando as escolas encerraram, tivemos a necessidade de apoiar os alunos e as famílias tanto com alimentação, como com a disponibilização de meios informáticos e de estudo”, remata o presidente.
Mas também foi necessário intervir na área social e económica. O autarca de Vila Meã assume que “efetivamente a pandemia que ainda atravessamos veio destabilizar muitos dos projetos que estavam programados concretizar, mas a proximidade – reafirmando que foi a palavra-chave deste mandato – com a população fez-nos perceber quais as prioridades e os investimentos que importava realmente fazer”.
Quase a terminar este mandato à frente dos destinos da Junta de Freguesia de Vila Meã, Lino Macedo mantém a mesma motivação e convicção de quando e com que iniciou as funções autárquicas. Embora a capacidade financeira e de intervenção da Junta ser limitada, “tentámos concretizar obras que, embora de dimensão pequena, faziam sentido e diferença no dia-a-dia dos vilameanenses e contribuir com apoios necessários à população”.
Foram mais de 80 obras que a Junta de Freguesia de Vila Meã levou a cabo nestes últimos quatro anos. Obras que incluíram retificações, levantamento de muros, pavimentações e alargamento de ruas, entre outras.
De alguns investimentos importantes, o autarca aponta um dos que lhe trouxe grande satisfação: a requalificação do cemitério de Real.
“Esta intervenção era muito ambicionada pela Junta de Freguesia de Vila Meã”, diz Lino Macedo. No entanto, “pena tenho de não haver disponível a totalidade do dinheiro para concluir esta obra tão importante”. “Apesar da intervenção já conseguida, gostaria de dar continuidade à obra e terminá-la de acordo com o projeto previsto”, admite o autarca.
O presidente de Vila Meã falou ainda da preocupação que permanece pela falta de atenção por parte do município Amarante, relativamente a questões relacionadas com as necessidades da junta de freguesia e para a vila de Vila Meã.
“Há oito anos, ou seja, desde o início do meu primeiro mandato, que tenho solicitado à Câmara de Amarante a realização de obras importantes. Obras que, por serem de grande dimensão e investimento, só podem ser realizadas com o apoio do município, uma vez que a Junta não tem capacidade financeira para as suportar”, explica Lino Macedo.
“O certo é que até ao momento essas obras não foram realizadas. Estou a falar, por exemplo, do novo infantário que Real precisa. Todos sabemos que o atual não reúne as condições necessárias para acolher as mais de 60 crianças que o frequentam”, acentua.
Mas também a construção do novo Quartel da GNR, “reivindicado há já muitos anos e que devido à falta de condições que o atual apresenta, o posto está na iminência de encerrar, sendo urgente intervir ali”.
Lino Macedo lembra ainda o insistente pedido para a construção de um espaço para a prática de exercício físico. Apesar de “o município de Amarante ter já em execução o projeto para a construção do novo Pavilhão Gimnodesportivo de Vila Meã, era importante ter-se já avançado com a construção deste espaço, uma vez que traria uma resposta imediata às necessidades da comunidade da freguesia Vila Meã”.
Outra das grandes angústias do atual presidente da freguesia é o facto dos cemitérios de Ataíde e de Real estarem sobrelotados e sem possibilidade de serem ampliados.
“O cemitério de Real não tem hipótese alguma de ser aumentado e em Ataíde poucas mais sepulturas dava para colocar. Nesse sentido, temos vindo a pensar na construção de um novo cemitério, que denominamos de cemitério da Vila. Esse projeto está já em fase de conclusão e será apresentado à Câmara Municipal. A construção desse cemitério está pensada para ser realizada na parte traseira do Centro de Saúde”, adianta.
Por conseguinte, a concretização desse projeto, segundo Lino Macedo, beneficiaria e melhoraria toda a zona que liga o Centro de Saúde à Ponte de Oliveira.
Numa perspetiva de lazer, urge também “a necessidade de se criar um corredor ecológico entre a Ponte da Pedra e a praia fluvial, no rio Odres”. Para além de criar dinâmica para Vila Meã, a construção deste corredor ecológico e a criação de um passeio pedestre, iria “permitir preencher a lacuna que existe a este nível no nosso território”.
Aliado a isto, o presidente fala ainda de outro projeto aliciante para Vila Meã: o investimento num Parque da Vila.
“O espaço está já identificado e seria o ideal para este projeto, mas lamentavelmente não teve o “sim” da Câmara e a junta de freguesia não tem capacidade financeira para o concretizar”, comenta.
Muitas são as áreas onde é necessário intervir para um desenvolvimento estruturado e equilibrado neste território de Vila Meã. Lino Macedo volta a lamentar a posição tomada pela Câmara Municipal em relação a Vila Meã: “Não compreendo o desconsiderar de todos estes pedidos que são de extrema importância”.
“Sem a cooperação do município, a Junta de Freguesia não consegue, por si só, dar resposta aos seus fregueses e àquilo que são as suas necessidades”, refere.
No decorrer da conversa com o nosso jornal, Lino Macedo expõe outro anseio, que passa pela reabilitação da Casa dos Pobres, junto ao Externato de Vila Meã. Segundo o presidente da junta, o objetivo consiste em restaurar e revitalizar a casa, procurando dar hombridade à mesma, às pessoas que lá moram, e ceder a pessoas que tenham dificuldades e que dela necessitem.
O autarca adianta que os proprietários são favoráveis à sua cedência, através de contrato de comodato.
“O que a Junta de Freguesia consegue é colmatar as falhas e as necessidades que as pessoas encontram para o seu dia-a-dia. Mas é preciso mais do que isso. São precisos os grandes investimentos. Há muitas pessoas a quererem fixar-se cá”, destaca.
“Todos concordam que o nosso território é apetecível, que tem qualidade, mas é necessário investir nele”, complementa.