No âmbito da iniciativa ‘Vila Meã 2030’, a Associação Empresarial de Vila Meã proporcionou um debate de ideias e apresentação de diversas perspetivas olhando o desenvolvimento territorial pela batuta da estratégia económica, que reuniu algumas dezenas de empresários, instituições de ensino, solidariedade social e autarcas locais.
Este encontro, denominado ‘Pensar Desenvolvimento a partir de Vila Meã’, que se realizou no espaço da Mecurito Autoclássicos, proporcionou a exposição e discussão pública daquelas que podem constituir as opções mais estratégicas para o desenvolvimento do território a partir de Vila Meã.
Ao longo de cerca de duas horas os vários intervenientes puderam apresentar as suas preocupações, necessidades, oportunidades e perspetivar algumas das opções que possam revelar-se determinantes para o desenvolvimento deste território na próxima década.
Um encontro bastante proveitoso, com diferentes e complementares contribuições dos vários intervenientes, onde foi possível perceber os diversos panoramas e realidades na educação, emprego, iniciativa empresarial, dinâmica económica, envolvimento municipal e valorização do território enquanto destino turístico e atrativo para fixação de população.
Neste encontro Vila Meã 2030, marcaram presença o presidente da Câmara Municipal de Amarante, José Luís Gaspar, o vereador André Magalhães, Geraldino Oliveira, presidente da AE Vila Meã, Torcato Ferreira em representação da Junta de Vila Meã, os presidentes da Junta de Travanca e Vila Caiz, Ricardo Vieira do Externato de Vila Meã, José Silveira do Cenfim, Hélder Ferreira do Centro Social de Real e vários empresários de diferentes áreas de atividade, nomeadamente António Teixeira (Agromancelos), Helena Santos (Emalite Ourivesaria), Inês Costa (Petalamel), Domingos Amaro (Centro Veterinário Vila Meã e Aparecida), Luís Martins (Bemetal), Carlos Delgado (Quinta Carcavelos), Mariana Basto (MB Decor), José Pinheiro, Celma e Pedro Pinheiro (Mecurito), elementos da direção e técnicos da AE Vila Meã.
A necessidade e importância da formação profissional foi unânime no que respeita à opinião dos intervenientes. De facto, e como comprovou o debate entre os participantes, a aposta na formação profissional é cada vez mais evidente, as empresas estão cada vez mais recetivas a enquadrar recursos humanos com especialização em determinada área. Num território com adequadas condições educativas, as entidades formadoras e as instituições de ensino profissional continuam a apostar numa formação de qualidade e em áreas predominantes na região.
Num encontro onde marcaram presença diversos agentes económicos, políticos, sociais e educativos, muito se elogiou a localização privilegiada da freguesia de Vila Meã e, no geral, do concelho de Amarante.
Por este facto, Vila Meã tem um enorme potencial, tanto no que diz respeito ao investimento e fixação de empresas, como de população. O presidente da Câmara Municipal de Amarante, José Luís Gaspar realça que “Vila Meã tem tudo o que precisa para dar certo. Tem acessibilidades, está próxima do conhecimento, de aeroportos e está no centro de grandes cidades”, mas que é preciso “continuar a olhar para o território e pensar numa escala, pensar na questão dos transportes, da acessibilidade, na qualidade de vida, na questão cultural, na política habitacional e nas zonas industriais”.
O presidente da autarquia explica que o executivo tem vindo a trabalhar nesse sentido, nomeadamente em Vila Meã, com a “criação de um eixo estruturante, o eixo central de Vila Meã, que entrou numa segunda fase e que será lançada uma terceira e que vai ajudar efetivamente no desenvolvimento desta importante zona do concelho”.
José Luís Gaspar sustentou ainda que “está já identificado um terreno para ser uma zona de atividades económicas, com cerca de 100 mil m², que será muito importante para ajudar as empresas que se queiram fixar. O investimento tem de ser privado, mas a iniciativa terá de ser mista, privados e Câmara Municipal”.
Mas não é só necessário fixar empresas no território, é necessário pensar e criar estratégias capazes de fixar também pessoas. Os vários empresários presentes no evento reiteraram isso mesmo, a necessidade de fixar população em Vila Meã e Amarante, para que seja possível investir ainda mais no território. É necessário criar condições para que as pessoas tenham o seu posto de trabalho e não tenham necessidade de se ausentar para procurar serviços que atualmente estão em falta no concelho.
Torcato Ferreira, secretário da Junta de Freguesia de Vila Meã, reforçou a ideia de que Vila Meã está, de facto, “muito bem localizada, perto de tudo”. No entanto, é necessário “criar infraestruturas para ser possível ser um território ainda mais competitivo. Temos uma boa mobilidade, mas que é cara, os custos de utilização praticados nas duas autoestradas que aqui se cruzam é um factor inibidor para o investimento económico”.
As debilidade nas infraestruturas em Vila Meã traz outra consequência para o território, a perda de população. De acordo com Torcato Ferreira, Vila Meã tem, ao longo dos anos, vindo a perder população.
Como explica o secretário da Junta, “as infraestruturas que se criaram não foram suficientes para fixar a população. Nem população nem tecido empresarial. É por isso, de máxima importância pensar em criar condições para atrair pessoas e empresários para a freguesia”.
A solução, para Torcato Ferreira, passa por criar zonas industriais ou parques industriais que tornariam o território competitivo, atrativo e com condições favoráveis para que as pessoas e as empresas se fixem. Para isso, “é necessário que os poderes políticos desenvolvam boas políticas fiscais e estratégias habitacionais aliciantes”.
Durante o debate Vila Meã 2030, a falta de condições infraestruturais foi ponto assente na opinião dos intervenientes como área prioritária a desenvolver, não só em Vila Meã, mas para todo o concelho de Amarante.
Sem uma zona qualificada e devidamente preparada com infraestruturas, acessos facilitadores da atividade empresarial, uma rede de telecomunicações melhorada, não se pode esperar atrair novos investimentos aceleradores da economia local nem de fixação da população, uma vez que a maioria das famílias decidem onde viver atendendo à empregabilidade do território.
Para o presidente da Associação Empresarial de Vila Meã (AEVM), Geraldino Oliveira, é uma necessidade urgente dotar Vila Meã de um parque industrial, porque “continua a haver empresários interessados em investir” nesta “zona que está muito bem localizada”.
Realce-se que a Associação Empresarial de Vila Meã pretendeu proporcionar o debate, olhando para as linhas mestras que podem orientar a sustentabilidade do progresso numa década de potencialidades a concretizar.
Nesse sentido, Geraldino Oliveira, reforça a ideia de que a criação da Zona Industrial é essencial. Contudo, “é necessário também pensar em todo o planeamento territorial, pensar igualmente num plano habitacional. Em Vila Meã as pessoas não conseguem encontrar zonas de habitação e isso também é uma necessidade”.
No momento de encontrar casa, o presidente da AEVM, assume que as pessoas não têm oferta suficiente, tornando-se igualmente imprescindível atuar nesta área.
A fechar o encontro Vila Meã 2030, o edil José Luís Gaspar fez questão de reforçar que acredita no “futuro do território de Amarante, do território envolvente e no trabalho que se está a desenvolver”.
De salientar que a Associação Empresarial de Vila Meã vai continuar com este ciclo de debates incluindo outros agentes da sociedade, como associações culturais, cívicas, desportivas e juvenis que juntos vão discutir e Pensar Desenvolvimento a partir Vila Meã.
O próximo encontro vai refletir sobre a “Importância do Associativismo”, que decorrerá no próximo dia 22 de julho, a partir das 18h30, no quartel dos Bombeiros Voluntários de Vila Meã.
“A Associação Empresarial de Vila Meã está sempre a tentar definir a melhor estratégia para dar uma melhor resposta para este território, que tanto precisa de desenvolvimento.
Estamos focados na persecução de desenvolvimento para instalar empresas e fixar pessoas. É inevitável falar em Vila Meã e não se falar na necessidade de se criar uma Zona Industrial para que mais empresas possam investir nesta região, assim como será necessário criar mais condições para aumentar a capacidade habitacional”.
“Vila Meã tem tudo para dar certo. Tem acessibilidades, está próxima do conhecimento, dos aeroportos. Agora, importa pensar e trabalhar na questão dos transportes, das acessibilidades, na questão cultural, na qualidade de vida, na política habitacional, nas zonas industriais e no conhecimento.
Vila Meã é um lugar estratégico por causa do seu posicionamento. Por isso, está já identificado um terreno, com cerca de 100 mil metros quadrados, para ser uma zona de atividade económica, que ajudará as empresas que queiram aqui se poderem fixar.
Vila Meã sempre foi o pulmão comercial de todo o território, não só de Amarante, mas de toda a envolvente. O que aconteceu desde então? Foi a perda do foco daquilo que é trabalhar uma estratégia concertada.
Acredito, portanto, que Amarante, Vila Meã, e todos os territórios envolventes, com estratégias concertadas e articuladas da Câmara Municipal em conjunto com os investidores, irá ter um futuro muito bom”.
“Escolhemos Vila Meã para fixar o nosso projeto, por se tratar de uma zona com facilidade nos acessos e, apesar de equidistante, está próximo de vários centros urbanos. Aproveitamos alguns fundos de investimento disponíveis nesta zona e que foram uma mais-valia.
Este projeto acabou por superar todas as expectativas e atualmente contamos com nove postos de trabalho que se traduziram, em alguns casos, na fixação de pessoas, e famílias, no concelho de Amarante”.
“Acredito neste território, num território com futuro e com capacidade. Temos vindo a verificar um aumento de construções em Vila Caiz e isso significa que as pessoas se querem fixar cá, que acreditam no potencial da sua terra. E com os territórios à nossa volta cada vez mais pujantes, também nós teremos condições de oferta para contruir um futuro com qualidade para todos”.
“Na perspetiva dos comerciantes, fixar a população não é só em termos habitacionais. “Quando falamos em fixar a população devemos falar em fixá-la a todos os níveis: viver, trabalhar e investir em Vila Meã. É importante esse investimento, porque temos várias empresas na região com melhores marcas, melhores preços e um melhor atendimento do que o que se pratica nas grandes cidades”.
“Precisamos criar infraestruturas para podermos ser competitivos, tendo em conta a boa localização em que estamos. A verdade é que Vila Meã perdeu população nos últimos 10 anos, porque as infraestruturas que criámos não foram capazes e suficientes para fixar a população e o tecido empresarial. Por isso, é necessário criar zonas industriais ou eventualmente parques industriais e ter, no território de Amarante, e obviamente em Vila Meã, serviços públicos diligentes, mão de obra qualificada e um território atrativo, principalmente no que respeita aos impostos municipais”.
“Optamos por investir em Amarante porque, dentro de alguns estudos de mercado que realizamos, era a cidade que estava mais ligada ao turismo e também por ter sido uma das cidades que nos ajudou e indicou as melhores perspetivas de investimento neste setor”.
“Temos, neste território, muitas oportunidades e valências para que possamos crescer. Isto por uma razão que será óbvia: pela localização de Vila Meã. Mas é necessário atrair para aqui pessoas e empresas que atuem em diversas áreas, como por exemplo em áreas como o turismo, hotelaria”.
“Travanca tem muito por onde crescer a nível turístico. Destaco a intervenção nas instalações do Mosteiro de S. Salvador de Travanca, que se converterá num equipamento hoteleiro. Contudo, tem sido uma luta que o investidor tem travado com as autoridades nacionais para o restauro deste equipamento, mas, se tudo decorrer dentro do previsto, as obras deverão iniciar já no início do próximo ano”.
A BeMetal, uma empresa que se dedica à produção de estruturas metálicas, com unidade industrial na Avenida das Árvores, em Caíde Rei – Lousada.
“Decidimos implantar cá a nossa empresa por uma questão estratégica, uma vez que está situada numa zona com excelentes acessos. Neste momento empregamos 30 pessoas, com mão de obra qualificada, e com perspetiva de crescimento”.
A entidade formadora Cenfim, que garante que na área do metal possa haver mais recursos e uma mão de obra qualificada, “está em Amarante há 13 anos, trilhando um caminho de sucesso. Este ano de 2021 tem sido o ano em que mais pedidos há por parte das empresas. E isso traduz-se num desafio: atrair mais jovens para o setor metalúrgico, apostando sempre numa formação profissional de excelência”.
“No que respeita a cursos profissionais temos de nos ir adaptando às necessidades das empresas e das associações empresariais. Gostávamos de lecionar o curso de construção civil no Externato de Vila Meã, com a certeza que os formandos, após conclusão do mesmo, teriam uma taxa de empregabilidade muito elevada. No entanto, ainda há um estigma muito grande sobre o ensino profissional e o curso de construção civil. Muitos pais acham que o futuro dos filhos não passa pelo ensino profissional, mas o certo é que essa é uma aposta cada vez mais forte”.
“Na área da confeção têxtil temos uma grande lacuna. Atualmente damos formação nesta área numa empresa do concelho de Felgueiras, em que grande parte dos funcionários são de Amarante.
Os empresários da área têxtil e do calçado, que empregam muitas pessoas de Amarante, para ter mão-de-obra qualificada investem na sua formação, ao invés de se deslocarem para o nosso território, por falta de mais-valias”.
A empresa Petalamel, com sede em Ataíde, Vila Meã, é uma produtora de sobremesas ultracongeladas.
Inês Costa admite que a empresa “tem vindo a crescer e tem a perspetiva de continuar este caminho de crescimento com admissão de novos recursos humanos, estando inclusive recetiva a receber alunos que aqui queiram estagiar. No entanto, sentimos alguma dificuldade em adquirir mão de obra qualificada. É nesse sentido que investir na formação profissional é muito importante”.
“Amarante tem uma rede escolar e de formação de excelência, mas existem muitas mudanças a nível cultural que temos de promover, porque existem ainda muitos preconceitos pelas áreas profissionais e que hoje em dia representam oportunidades de investimento e desenvolvimento de carreira muito importantes.
A formação profissional é, de facto, muito importante, daí estarmos em via de lançar um plano estratégico de indústria em Amarante, para ter um plano de ação para os próximos dez anos, de intervenção para alavancar as empresas do território”.
“Falamos muito em qualidade de vida e essa circunstância também se mede pela forma como tratamos os nossos seniores. Isso será também motivo para que as pessoas se queiram fixar na nossa região, porque chegaremos a uma fase da nossa vida que precisaremos de apoio de terceiros e é aqui que as instituições têm um papel importante. Numa sociedade desenvolvida é necessário termos capacidade de dar resposta para todas as pessoas”.
O setor primário, em concreto a atividade agrícola, aponta alguns entraves no desenvolvimento desta atividade na região.
“Sentimos dificuldades no acesso à terra. Há uma reticência em alugar e ceder terra para utilização agrícola. Em contrapartida, temos uma terra que produz quase tudo e um clima muito favorável. A agricultura é uma área de atividade com potencial, mas os preços são um problema e por isso, temos de olhar para a agricultura como uma área económica como qualquer outra”.
“Na impossibilidade de estar presente na vossa excelente iniciativa gostaria de manifestar o nosso interesse, enquanto empresa com mais de 40 anos de existência no mercado empresarial, numa zona industrial ou um polo empresarial neste área de Vila Meã. É com muito desagrado que não entendo como ainda não existe uma zona classificada deste género em Vila Meã!
Lembro-me do meu pai, o fundador desta empresa que já faleceu há mais de 25 anos, reclamar por este objetivo junto da Câmara de Amarante.
Julgo também que seria do agrado dos vilameanenses a criação de uma zona de lazer com espaços verdes e com uma zona de fitness ou um parque infantil em Real, junto ao futuro pavilhão Gimnodesportivo e futuro court ténis, ficando assim tudo inserido numa zona desportiva. Esta seria uma zona boa para a prática do desporto e lazer, constatando o facto, especialmente ao fim do dia e ao fim de semana, que imensa gente passeia e faz desporto nesta área, que julgo está subaproveitada e agora há a possibilidade de se retificar e rentabilizar”.