Recordar Acácio Lino

Recordar Acácio Lino, o pintor de Travanca que faleceu há 65 anos

Completaram-se, a 18 de abril, 65 anos desde o falecimento do pintor Acácio Lino de Magalhães. A data foi assinalada com recordações da sua vida e obras.

Naquele dia, em 1956, o jornal “Flor do Tâmega” escrevia: “Chegou-nos a notícia que havia falecido uma das mais prestigiosas figuras da pintura portuguesa contemporânea: mestre Acácio Lino. Com ele desaparece o austero e inconfundível compositor de motivos históricos, dos maiores, se não o maior no género, e um dos grandes paisagistas portugueses contemporâneos”.

A sua obra artística mais expressiva e valiosa destacou-se na pintura naturalista e histórica, mas também pintou retratos e temas religiosos.

Nascido na Casa da Pedreira, na freguesia de Travanca, Amarante, a 25 de fevereiro de 1878, era o sétimo de doze irmãos de uma família de abastados proprietários rurais, o casal Rodrigo Pereira da Costa Magalhães e Maria do Carmo Pinto de Carvalho.

Acácio Lino estudou na Academia Portuense de Belas Artes onde viria a lecionar Desenho Histórico. Acabado o curso, foi admitido como bolseiro do Estado e em 1904 partiu para Paris onde se estabeleceu durante vários anos e conviveu com grandes nomes do panorama artístico e intelectual.

Retratou os grandes dramas da História de Portugal, como “O Grande Desvairo” que já esteve exposto, muitos anos, na Câmara Municipal do Porto e que representa a tragédia de D. Pedro e D. Inês de Castro.

Foi o autor de diversas obras, das pinturas murais na chamada “Sala Acácio Lino”, no Palácio de S. Bento, e dos painéis que ilustram três episódios marcantes da História de Portugal: “A Batalha de São Mamede”, “A Conspiração de 1640” e “A Reconstrução de Lisboa pelo Marquês de Pombal”.

Ao longo da sua vida, Acácio Lino manteve sempre ligações afetivas com a sua terra natal, conservando um atelier em Travanca, onde se inspirava para as suas criações relacionadas com o mundo rural.

Era na Casa das Figueiras, na freguesia de Travanca, Amarante, que costumava trabalhar durante as férias, tendo aí produzido algumas das suas mais emblemáticas obras. Atualmente designada por Casa Museu Acácio Lino é possível visitar-se o espaço museológico dedicado ao pintor e vislumbrar os jardins que atravessam toda a casa.

Acácio Lino foi galardoado com o Grau de Comendador da Ordem de Cristo, com a Medalha de Honra da Sociedade Portuguesa de Belas-Artes, em 1927, com a Comenda da Ordem de Sant’Iago da Espada e a Medalha de Ouro de Mérito Artístico da Cidade do Porto, em 1940 e 1941.

A 18 de abril de 1956 acabaria por faleceu na sua casa, no Largo Soares dos Reis, no Porto, com 78 anos. O funeral teve missa na Igreja do Bonfim, seguindo a urna para o cemitério de S. Salvador de Travanca, onde repousa juntamente com sua mulher.

Algumas das suas obras

As suas obras, quer de pintura, quer de escultura, continuam espalhadas pelo País, em museus e entidades públicas e privadas.

Seja no Palácio de S. Bento (Sala Acácio Lino), no Museu Militar, em Lisboa, na Biblioteca Pública Municipal do Porto, na própria Câmara Municipal do Porto, no Museu Nacional Soares dos Reis, na igreja dos Congregados e no Teatro Nacional de S. João, no Porto.

Podem ainda ser apreciadas obras no Museu Malhoa, nas Caldas da Rainha, no Museu Amadeo de Souza Cardoso e na Casa Museu Acácio Lino, em Amarante.

Além da pintura, Acácio Lino também se evidenciou na escultura, destacando-se os bustos de Soares dos Reis, de António do Lago Cerqueira, de Ciríaco Cardoso e da sua esposa Dina e o medalhão do Mestre José de Brito.