Olhar em frente

Olhar em frente – Rosário Meneses

Sei que estamos atrofiados e “tolhidos” pelo medo!

O “filme” das nossas vidas é tal, que quando saímos parece que estamos a provocar o vizinho, mesmo que essa saída seja essencial ou mesmo para trabalhar.

Parece que viver, sociabilizar, rir, tornou-se um “pecado”, quase que obrigados a manter-nos em silêncio, pois a qualquer momento podemos ser fustigados por transgredirmos. Ai de nós… vem aí o castigo, o vírus vai apanhar-nos.

Realmente o cenário é surreal. Terá de ser assim? Chegamos ao segundo confinamento geral e agora?

Há duas opções: metemo-nos debaixo da cama, à espera que passe, ou reagimos, com determinação e respeito, sem negar os números da mortalidade e a perigosidade do contágio.

Vamos analisar e comparar a realidade com que somos confrontados, confinamento geral em março e confinamento geral em janeiro.

O que já conhecemos do vírus, os apoios que existem para fazer face ao encerramento de atividades, à quebra de faturação, o financiamento, as moratórias.

Em março, perante a imprevisibilidade inesperada da pandemia, a atividade económica, os gerentes, simplesmente não sabiam o que vinha a seguir. Uma parte reagiu, fechou, antes do estado de emergência. Não se sabia sequer se haveria apoios do Estado. Não havia termo de comparação com nenhuma outra crise.

Percebeu-se “na carne” a clara desigualdade entre o público e o privado. O sector público que pode ir para casa, com salário por inteiro, proteger-se. O privado que vai para casa, com apenas parte do salário.

As associações empresariais regionais, nacionais, setoriais “meteram os pés ao caminho” e tentaram desenhar com o Governo uma rede de apoio à atividade privada, que foi melhorando dia a dia. Esta rede atenuou o desespero de muitos empresários. Na execução dos apoios contamos com o serviço da contabilidade, os contabilistas permitiram, muitas vezes, em serviço extra, sem pagamento adicional, que a rede chegasse às empresas e aos seus trabalhadores. Assisti às inúmeras horas de sessões livres dirigidas pela bastonária da ordem dos contabilistas a esclarecer as imensas dúvidas, e ao desespero da classe.

Há aqui a oportunidade de sonhar, planear, afinar a estratégia, ajustar expetativas

Com o tempo, a economia, cada atividade, foi reabrindo com o apoio da associação de setor. Mas, sabia-se que provavelmente o Inverno seria muito complicado. O frio, os aquecimentos, espaços fechados conjugados com a gripe seriam, salvo sorte, uma mistura muito propícia à explosão do número de contágios.

Assim, este confinamento, não é o de março, para as empresas. Há mais informação de apoio à decisão empresarial.

Neste confinamento, sabemos que há vacinas, que há alguns apoios para fazer face ao encerramento, à quebra de faturação, ao investimento. Há programas que chegam com serviços técnicos gratuitos às empresas. Conheçam-nos junto das associações empresariais.

É claro que temos muitas atividades ligadas ao atendimento ao público que estão obrigatoriamente encerradas. Outras, mais valia terem sido obrigadas a encerrar, porque não conseguem trabalhar, não há clientes, não têm trabalhadores (estão doentes ou confinados). É muito angustiante! Um verdadeiro exercício de equilíbrio.

No entanto, há diferenças. Estamos obrigados a não andar pelas ruas, a viver no submundo virtual, mas há luz ao fundo do túnel.

Muitas vezes as empresas e os seus colaboradores, no corre corre dos dias, não têm possibilidade de melhorar competências, serviços, estudar tendências, melhorar espaços, organizar processos, perceber o mundo virtual, acrescentar maior valor ao produto ou serviço.

Fazer parte de um coletivo, uma associação, para poder ser ouvido.

Assim quem está parado, o que está a fazer?

Dentro de alguns meses a economia vai ressurgir. Vai existir uma ânsia de retoma das atividades, rotinas, hábitos de consumo e lazer, as pessoas estão desesperadas por sair, comprar, conviver.

É necessário tentar perceber que economia vai surgir? Quais irão ser as mudanças? Que hábitos vão mudar? Que necessidades surgirão?

Se é dirigente empresarial aproveite para refletir o negócio, para estudar as oportunidades que estão a surgir ao nível dos apoios ao seu negócio. Por vezes esses apoios não são apenas um cheque de apoio financeiro, são serviços que o ajudam a refletir, para que a sua decisão seja mais ponderada. A planear, a projetar a empresa a curto, médio e longo prazo.

Planear, como se fosse estar doente ou de férias. Há muitos empresários que não preparam as empresas para a sua ausência. Há famílias inteiras a viver de um negócio, será que deve ser assim? O Covid também mostrou isso, na falha de um o que acontece aos outros?

Se é colaborador, tem aqui a possibilidade que nunca imaginaria de melhorar competências. Há perguntas que um colaborador deve sempre colocar a si próprio. O que me torna empregável? Continuo a ser útil à empresa?

Das maiores queixas que ouvimos por parte das pessoas é a falta de tempo.

A pandemia obrigou a isso, a parar. Há aqui a oportunidade de sonhar, planear, afinar a estratégia, ajustar expetativas.

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