João Azevedo.
É impossível ficar indiferente.
É impossível passar ao lado e pensar que o que aconteceu nada tem a ver connosco.
A realidade, desta vez, conseguiu ludibriar a criatividade fantasiosa tão característica dos filmes e dos jogos virtuais e tão frequentada pelos nossos jovens.
Vila Meã está de luto.
Um jovem, com a cabeça cheia de sonhos e de projetos, foi barbaramente assassinado por uma aberração monstruosa, com a cabeça a abarrotar de paradigmas tóxicos, apoiados no ódio fundamentalista, em nome de um deus criado por mentes doentias e mentecaptas.
(Ai, Europa, quantos cavalos de Troia albergas no teu seio!)
É impossível não sentir a emoção, a lágrima, a pena e o sofrimento.
A morte é, obviamente, o outro lado da vida, todos sabem, embora, por uma questão de sobrevivência humana, a dor seja inevitavelmente substituída pela aceitação e, para isso, o tempo é mestre, também se acrescenta.
Que um filho enterre os seus progenitores é aceitável, é normal, embora a separação origine angústia, tristeza, padecimento. Este é um enunciado banal, fútil, vulgar, mas tinha de o colocar, porque a ele se segue obviamente a inevitável questão da legitimidade da situação contrária: e quando são os progenitores a despedir-se para sempre daquele ser a quem deram vida e ajudaram a crescer?
É impossível não gritar de raiva, de horror. Acima de tudo, pela impotência de se fazer seja o que for, pelo menos aparentemente. E por muito que eventualmente se faça, como é que se pode anular a aterradora sensação de ausência?
Vila Meã está de luto.
Paz à tua alma, João Azevedo!