A pandemia da covid-19 cancelou as festas e as romarias que por esta altura trariam animação às localidades, deixando os profissionais itinerantes sem trabalho e sem qualquer fonte de rendimento.
Alguns comerciantes e feirantes da região do Tâmega e Sousa, em articulação com a Associação de Profissionais Itinerantes Certificada (APIC), têm reivindicado nos últimos meses mais atenção ao setor, apelando ao Governo e à Direção-Geral de Saúde (DGS) que lhes permita retomar a atividade.
A recém-criada associação chegou mesmo a protestar junto ao Ministério da Economia, em Lisboa, e frente à DGS, num apelo desesperado por apoios à sustentabilidade dos negócios itinerantes.
Luís Paulo Fernandes, representante da APIC, considera que o Governo andou a “discriminar” estes profissionais, uma vez que não dispõem dos mesmos apoios do Estado face a outros setores, que em contraste foram reabrindo.
O representante da associação fala em cerca de cinco a seis mil pessoas diretamente afetadas e a passar dificuldades. “São microempresários, empresários em nome individual. Desde o pequeno artista da concertina, desde o aluguer de som, de palco e luzes, geradores, a carrosséis, farturas e cachorros”, enumera.
A associação entregou ao Governo protocolos sanitários para a retoma das atividades de diversão e de alimentação neste contexto de pandemia, a DGS concordou em permitir o regresso, que entretanto mereceu despacho favorável.
O apelo é agora dirigido às autarquias, para que colaborem com o setor e não sejam um fator de bloqueio. “Queremos chamar à razão os presidentes de Câmara, para que exista um princípio de cooperação. Os cinemas estão abertos, os teleféricos estão abertos, porque não está aberta uma roulote de farturas que é ar livre? Uma pista de carrinhos de choque, por exemplo, vai demorar mais tempo a desinfetar carrinhos, mas faz-se, é possível”, expõe.
O empresário local Tiago Lemos, que integra a APIC e participou ativamente nas várias reivindicações desenvolvidas por esta associação em defesa do sector, espera que a retoma se concretize, garantindo que se vão cumprir com as normas que forem definidas pela DGS, nomeadamente circuitos de entrada e saída, desinfeção dos carros, no caso dos carrosséis, assim como o distanciamento de divertimentos.
Tiago Lemos espera que esta possível retoma possa colocar um ponto final no encerramento a que esteve votado o setor durante largos meses.
“Estamos a falar de empresas familiares, algumas das quais já não laboravam desde setembro, outubro e novembro do ano passado”, comentou.