“Vai tudo correr bem…”
Não, até ficar bem, vai correr menos bem, mal, para correr melhor, se…”
Todos vão perder, desde logo o toque, a proximidade, familiares, vizinhos, conhecidos, empregos, rendimento e bem-estar.
Não vale a pena dourar a pílula, a vida vai ser diferente. Assumimos que tínhamos tudo adquirido, pouco ou muito, já era nosso. E era melhor ser nosso, do que ser do vizinho. Quem diria que iríamos precisar dos vizinhos, do seu comportamento, da sua sensatez?
À sua medida, a individualidade, os egos, estavam no seu máximo. A competição do espaço público estava entregue àqueles que faziam mais ruído e não àqueles que são mais úteis e precisos para manter o mínimo de bem-estar da sociedade.
Além do tema COVID, a urgência associada à segurança da vida das pessoas, o tema que se segue são as empresas e a economia. Dos serviços públicos fala-se apenas de hospitais e da economia privada, das empresas e dos lares.
Percebeu-se finalmente, porque o motivo é evidente, que a economia privada só gera riqueza para pagar impostos, contribuições e manter postos de trabalho, se tiver um ambiente de confiança.
Afinal, o Gestor, o “patrão”, não é sempre o culpado. Pode ser o mais iluminado do mundo, mas não destrói o Corona. Precisa de um ambiente saudável para criar lucro e manter empregos, que dependem também da atuação externa. Estabilidade política, paz social, fiscal, legal, acesso a financiamento, mão-de-obra disponível e saúde, a sua e a dos outros.
As empresas, os seus gerentes e colaboradores estão numa situação caótica.
O medo está instalado, a confiança ameaçada, por consequência, a atividade económica parou. Tal como diz António Afonso, professor do ISEG “embora se utilize a anterior crise vivida em Portugal como referência para os cálculos, desta vez, “está a desenvolver-se um choque do lado da oferta”, assumindo que, “deste ponto de vista, esta crise não é comparável com a anterior”. “Provavelmente nesta situação a quebra será maior”, antecipa. Dependerá do tempo que demorar.
Importância das Associações neste momento de CRISE
As associações empresariais e as suas confederações de imediato reagiram. Perceberam que o embate económico seria tremendo e colocaram-se na Linha da frente. Procuraram, dentro das suas possibilidades, fazer chegar as preocupações da atividade económica. Sucederam-se inúmeros avisos, negociações contínuas. Todos os dias rebatem possíveis soluções apresentadas pelo Governo com a realidade da falta de atividade da economia portuguesa, tentam proteger a economia e as suas empresas. É o seu papel.
A estas entidades se deve o embate da crise económica não ser tão grande, têm feito chegar ao Governo a urgência da tomada de medidas para segurar a economia e limitar a desgraça social. As medidas de apoio estão melhores, mas mesmo assim continuam a não ser como deveriam: rápidas, eficazes e simples. Muitas das soluções são “perversas”, nomeadamente as linhas de financiamento que só terão como consequência, o puro endividamento. Para ser pagável, o crédito, pressupõe que a produtividade no futuro será maior do que antes da crise, com os mesmos recursos. Eu chamo-lhe linhas de afundamento.
Por isso continuamos a reunir informação, a querer ouvir, a procurar soluções para chegar junto do Governo, com os argumentos certos. Permitir que haja condições para resistir aos inúmeros encargos que não são cobertos, porque não há vendas.
No entanto, sente-se que o preconceito ainda existe. Apesar de tanto discurso de fomento ao empreendedorismo. Ainda não se protege quem cria emprego e o mantem. Os sócio-gerentes continuam sem apoios. É assim que o país promove o emprego? O país não quer empresários, quer heróis abnegados.
Por isso de uma vez por todas, apesar de já se saber disto há muito, percebam que o Estado não vai ser o “Pai”, que cobre as responsabilidades e segura o Tsunami.
Se é empresário, inscreva-se numa associação empresarial. Junte-se a outros que sentem as mesmas dores, desafios e ambições. Reclame o seu papel na sociedade. Conte a sua história. Estas entidades são constituídas e geridas por grupos de empresas. Hoje umas, amanhã outras. Não nos confunda com outras entidades, não se deixe aconselhar por entidades que não são dirigidas por empresários.
O objetivo principal de uma Associação Empresarial é melhorar o ambiente económico-social. Quanto mais favorável, mais propício é ao investimento, ao emprego, à melhoria da qualidade de vida, à existência de transações.
As empresas e os seus representantes (gerentes ou colaboradores) devem perceber que fazem parte de um Mundo maior, que vai além do seu negócio. Há uma serie de variáveis externas à empresa que necessitam de estabilidade. Só melhoram com a ativação do coletivo. Com a voz, com a força, com a atuação conjunta. E tal como Portugal só regressará à normalidade se todos fizermos o nosso papel enquanto sociedade. Também a economia, as suas empresas, têm de se unir para melhor se preparem para este e outros flagelos, que individualmente não controlam. O Estado não são empresas, nem empresários. Para este grupo ser ouvido deve, como qualquer outro, agrupar-se e definir o seu caminho, uma estratégia, que nos faça regressar ao trabalho!