O Stay To Talk Instituto celebrou o seu primeiro aniversário, no dia 6 de julho, no Hotel – Quinta da Cruz, em Vila Meã.
Esta celebração contou com um programa destinado ao desenvolvimento sustentável em meio rural. A programação iniciou com uma sessão de painel, com o tema: “Mudança De Paradigma: pensamentos e ações sustentáveis” que contou com a intervenção de alguns oradores convidados. Houve lugar ainda para a inauguração da exposição de pintura “Livros de Agustina, um estro criativo” de Fernando Barros, artista amarantino.
O Jornal de Vila Meã esteve à conversa com Carolina Mendes, Fundadora e Diretora Executiva do instituto, que nos fez um rescaldo do primeiro ano de atividade.
Jornal de Vila Meã – Que rescaldo faz um ano depois de ter iniciado este projeto?
Carolina Mendes – O Stay to Talk Instituto de Imersão Cultural, após um ano à sua apresentação oficial a 6 de julho de 2018, tem procurado criar raízes na comunidade que o tem acolhido. Isto quer dizer que tem procurado desenvolver atividades de promoção, compreensão e aceitação por parte da comunidade (instituições, entidades público-privadas, associações, habitantes locais, …) no sentido de conhecerem o projeto, o conceito e de aceitarem tornarem-se agentes culturais comunitários, numa parceria efetiva com o Stay to Talk para juntos “fazermos acontecer” na nossa região.
Diversas foram as atividades onde o Stay to Talk Instituto se foi mostrando, e fazendo presente, por exemplo, no UVVA (2018), com a personagem Goliardo (o típico estudante/monge da Universidade da Idade Média que escrevia em latim e satirizava a sociedade) ou, em 2019, com o Amadeo de Souza-Cardoso e a sua esposa Lucie Pecetto. Testámos diversos produtos turísticos/culturais como: Golfe cultural e idiomático, Workshops de pintura nos jardins da casa de Amadeo de Souza-Cardoso; Tours Culturais locais, ao Douro, assim como, a Sintra com alunos da Universidade Sénior de Amarante; Documentários, como foi o caso do “Setembro para a vida inteira” que retrata a vida e cultura que rodeia o mundo da produção do vinho português, em parceria com o Município de Amarante. No que se refere a atividades com a comunidade e para a comunidade, desenvolvemos, em parceria com a Rota do Românico, as Jornadas Europeias do Património 2018, cujo tema se centrava na “partilha de memórias”. Nesta altura convidámos a comunidade a participar e, em troca de um café, pedimos que nos contassem histórias, memórias, partilhassem documentos e fotos para registar o património imaterial em vias de se perder. Quisemos levar a cultura à comunidade mais jovem, neste sentido, propuosemo-nos levar Amadeo de Souza-Cardoso e as suas garatujas a algumas escolas locais. Sempre atentos à cultura local, à arte e à literatura, aquando da grande perda amarantina/portuguesa, foi nosso propósito mobilizar a comunidade local no sentido de homenagear Agustina Bessa-Luís no dia do seu funeral. Com este momento, foi nosso objetivo partilhar a importância que Agustina e a sua obra tem para cada um de nós e, simultaneamente, sublinhar a necessária união de todas as localidades, onde a autora deixou um pouco da sua vida e obra, e juntos enaltecermos o legado literário que esta deixou, de forma a “continuar Agustina”. Por fim, é de referir o tão querido “Ciclo de Saraus Amarantinos Stay to Talk”, que têm vindo a acontecer pelo concelho de Amarante, desde março de 2019. O primeiro Sarau Stay to Talk aconteceu em Vila Meã com o tema “Cultura e trabalho ferroviário”, o segundo em Aboadela, Sanche e Várzea com o tema “Cultura e Apicultura”, o terceiro em Travanca com o tema “A arte e o Património” e, por fim, o quarto aconteceu em Vila Caíz com o tema “História, tradições e festas populares”. Estes encontros comunitários são uma das iniciativas reconhecidas pelo Fórum para a Governação Integrada (Govint), uma rede colaborativa informal que afirma que “colaborar faz toda a diferença” e que é reconhecida pelo Alto Patrocínio da Sua Excelência o Presidente da República. Os Saraus Stay to Talk são encontros comunitários informais que pretendem reunir entidades e habitantes locais com o objetivo de clarificar as vantagens que cada um de nós poderá ter em colaborar com o Stay to Talk e pertencer à Rede de Agentes Culturais Comunitários (RACC) que o Instituto pretende implementar este ano. No fundo, o propósito destes encontros, entre outros, é ajudar a co-construir a resposta para a seguinte pergunta: “O que é que eu poderei ganhar com a chegada do turismo à minha Terra?”.
Em suma, considerámos que foi um ano de germinação das sementes que em tempos foram lançadas à terra e que, de agora em diante, será a fase das flores e dos frutos, sendo necessário ânimo, foco e concentração de forças no sentido de realizar esta colheita em colaboração com a própria comunidade.
JVM – Sente que a comunidade se aproximou do Stay To Talk ao longo deste último ano?
CM – A comunidade aproximou-se, definitivamente, do Stay to Talk este ano, assim como, o Stay to Talk trabalhou arduamente com o objetivo de se aproximar da comunidade, sendo este o grande foco deste ano transato. E obtivemos evidências disso mesmo, nomeadamente, assistimos um aumento gradual do número de participantes dos Saraus Stay to Talk, que iniciaram com seis dezenas, tendo vindo a aumentar até à realização do último Sarau que contou com cerca de três centenas de pessoas em Vila Caíz. Temos concentrado as nossas forças em comunicar o conceito Stay to Talk e é já recorrente, ser a própria comunidade a procurar o Stay to Talk e a desafiá-lo a “fazer acontecer”. Esta é uma das grandes evidências em como já fazemos parte de um todo e de como estamos a ter impacto nas localidades e respetivas comunidades.
JVM – O que mais a motiva para continuar este percurso?
CM – O que mais me motiva a continuar a realizar este percurso, por um lado, é saber que esta estratégia de trabalho colaborativo me dá um imenso prazer em trabalhar com as gentes da terra que me viu nascer e, simultaneamente, me possibilita a co-construção do meu posto de trabalho em Portugal e abdicar da necessidade de mais uma vez ter de emigrar. Por outro lado, saber que todos os que se envolveram e, que se poderão envolver com o Stay to Talk para fazer acontecer, tirarão vantagens quer sociais quer financeiras ao estarem ligados a nós. Temos já bons exemplos que, ao juntarem-se a nós, conseguiram ter essas vantagens, tais como: grupos de teatro, pintores, grupos de música, empresas fornecedoras, entre outras, a própria comunidade, nomeadamente, as juntas de freguesia onde os Saraus tiveram lugar e que viram acontecer uma outra dinâmica cultural “bottom-up” a transformar a sua terra.
JVM – Como imagina o Stay To Talk Instituto daqui a cinco anos?
CM – Consigo imaginar o Stay to Talk Instituto como uma entidade que faz a diferença. Uma entidade que fará a diferença nas terras que o convidarem a “fazer acontecer” com os seus habitantes. Uma entidade que faz a ponte entre a cultura/conhecimento local e o turista nacional e internacional, através de Experiências de Aprendizagem Humanistas baseadas em quatro pilares do conhecimento, segundo a UNESCO, tais como: conhecer, fazer, conviver e ser de forma comunitária. Uma entidade que contribui para o desenvolvimento económico-social local, que promove a inclusão e a coesão social, baseada numa rede de pessoas que atuam em parceria para o BEM COMUM.
JVM – A quem gostaria de deixar um agradecimento?
CM – No final desta primeira etapa, gostaria de deixar um enorme AGRADECIMENTO devidamente fatiado e entregue: (1) à Comunidade Intermunicipal do Tâmega e Sousa que acreditou em nós, mesmo sendo ainda uma ideia no papel; (2) à Incubadora Regional de Inovação Social (IRIS) que foi o nosso suporte inicial; (3) ao Município de Amarante por nos abrir as portas locais, (4) às Associações Empresariais do concelho de Amarante por fazerem pontes, (5) às Juntas de Freguesia que se juntaram a nós para a realização dos Saraus-Stay to Talk, assim como, às Freguesias que estão a pensar juntar-se; (6) aos Meios de Comunicação, quer jornais quer rádio que se disponibilizaram em cobrir os nossos eventos e a divulgar as nossas ações e, por último, (6) a todos e a todas que se juntaram a nós por acreditarem no conceito Stay to Talk, por trabalharem em colaboração connosco e por nos desafiarem a “fazer acontecer” na nossa região.
Seguem-se alguns momentos do dia em que se assinalou o 1º Aniversário do Stay To Talk: